O mau desempenho do mercado de ações nesta segunda-feira mostra, para analistas de mercado, um clima de fim de festa. A pesquisa Focus, apurada pelo Banco Central junto a agentes privados, mostra PIB um pouco mais modesto, este ano, e inflação um pouco mais alta em 2015. A consultoria Empiricus diz que, após a euforia com Joaquim Levy, “os mercados parecem mais reticentes quanto aos potenciais milagres da nova e paradoxal equipe econômica”. Além disso, minério de ferro está descendo a ladeira. Embora se diga que petróleo a US$ 40, o barril, enseja exploração pela Petrobras, há comentários de que o pré-sal corre perigo com os preços atuais, em torno de US$ 70, pois o plano de negócios no fundo contava com o barril estabilizado a US$ 100.
Joaquim Levy tem recebido críticas não só da esquerda e do PT, como ainda fogo amigo. Rubem Novaes, colega laureado pela mesma Universidade de Chicago, a casa de Milton Friedman e Friedrich Von Hayek, lamentou a posse acanhada de Levy e escreveu ao novo ministro: “Parece que você está sendo devidamente ‘enquadrado’ num sistema pré-existente e tratado simplesmente como um assessor da ‘presidenta’ para assuntos de cortes orçamentários. Para quem imaginava que você chegaria com espírito de curador-interventor, com total liberdade e autonomia para gerir a economia, foi uma decepção”. Segundo Novaes, a se confirmarem restrições, Levy não teria êxito e, aí, haveria risco de que essa derrota “seja debitada a você e seu liberalismo ortodoxo”.
As grandes empreiteiras estão em todo canto, de estaleiros a concessionárias de rodovias. A possibilidade de o escândalo Lava Jato ampliar seu escopo faz prever um cenário em que não só na Petrobras, mas em todo o governo, todos tenham medo de assinar novos contratos, muito menos aditamentos a obras em curso, mesmo necessários.
Está prevista nova alta nos juros, a segunda depois de Dilma ter sido reeleita. Nesta terça-feira, centrais sindicais farão protesto em frente à sede paulista do Banco Central. A Força Sindical, em recente nota, comentou: “A criatividade desse governo é limitadíssima, pois prefere adotar um leque de medidas ortodoxas e contracionistas para o enfrentamento da crise, para o deleite sobretudo do mercado, ratificando a nossa servidão voluntária ao mercado financeiro em vez de priorizar o crescimento econômico”. É esse o clima nesse fim de ano, retratado com perdas na Bovespa que dificultam a capitalização das empresas. Os trabalhadores criticam os juros altos, e os ortodoxos acham que Levy não terá muito poder.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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