O cenário para o setor siderúrgico no terceiro trimestre do ano permaneceu cinzento com superoferta global de 500 milhões de toneladas de aço, demanda fraca e dificuldade de recuperação de margens via reajuste de preços por influência da crise que sacode as economias da Europa e dos Estados Unidos e desacelera a China.
A expectativa do mercado para o resultado trimestral das usinas brasileiras CSN, Gerdau e Usiminas difere para cada caso. Enquanto se espera melhora nos números da CSN e da Gerdau, a Usiminas pode repetir mais um trimestre no vermelho.
O grupo gaúcho e a Usiminas vão divulgar resultados na quinta-feira, enquanto a siderúrgica de Benjamin Steinbruch ainda não informou data, mas o balanço é esperado para a segunda semana de novembro.
Na média das projeções feitas por sete bancos consultados pelo Valor - Santander, ItaúBBA, Credit Suisse, Bofa Merrill Lynch, Barclays, HSBC e Ágora Corretora do Bradesco -, a Usiminas deve ter um prejuízo de R$ 65 milhões, menor que as perdas de R$ 101,7 milhões do segundo trimestre. No terceiro trimestre do ano passado, ao contrário, a siderúrgica mineira registrou lucro de R$ 103 milhões.
O Ebitda da Usiminas é estimado na média das previsões em R$ 228 milhões, a margem Ebitda em 6,9% e a receita líquida esperada é de R$ 3,2 bilhões, quase 40% menor que a do mesmo período de 2011. A expectativa é de um recuo forte da margem operacional da empresa, que no terceiro trimestre de 2011 foi de 11,5%. Confirmada essa margem, isso seria reflexo dos baixos volumes de vendas de aço e minério de ferro e altos custos, apesar da receita ter se mantido estável ante o segundo tri e avançado 9% ante o mesmo do ano passado.
O Santander avalia que o resultado da Usiminas vai desapontar os investidores que esperam da companhia uma recuperação nos números do balanço a partir da nova gestão composta por executivos da ítalo-argentina Techint. Felipe Reis, analista do Santander, estima que a companhia só conseguiu repassar 2% dos 6% de reajuste que anunciou em julho para os distribuidores, o que não foi suficiente para compensar um volume menor de vendas no trimestre.
A Usiminas certamente não vai divulgar resultado proporcional ao desempenho das suas ações no período, cujos preços aumentaram 75%, em relação aos pisos recentes, alerta em relatório o HSBC. Para o banco do Reino Unido, em relação à Usiminas a percepção está à frente da realidade, pois é improvável a concretização de uma expansão das margens da companhia no curto prazo.
O grupo Gerdau, de aços longos, deve apresentar lucro de R$ 387 milhões no terceiro trimestre na média das projeções do Credit Suisse, ItaúBBA, Ágora e Bofa Merrill Lynch. Valor quase 30% abaixo do lucro do segundo trimestre e 45,7% menor que os R$ 713 milhões do terceiro de 2011. O Ebitda também deve encolher para R$ 1,13 bilhão, ante R$ 1,24 bilhão no segundo tri e R$ 1,21 bilhão no mesmo período do ano passado. A margem Ebitda é estimada em 11,3%, 2,2 pontos percentuais inferior ao do terceiro trimestre de 2011.
A receita da Gerdau é esperada na média em R$ 10 bilhões, a maior dentre as três companhias analisadas pelos bancos. Para o Credit Suisse, a divisão do Brasil da Gerdau é que vai apresentar mais pontos positivos, incluindo alta de 3% no preço do aço e melhor mix de produtos, apesar de ter tido queda de 3% no volume vendido no país. Na análise da Ágora Corretora, o grupo gaúcho também apresentará melhoras no mercado doméstico e alguma deterioração no resultado em outros países.
Considerando a importância da unidade brasileira nos negócios da Gerdau (44% Ebitda no segundo trimestre), essa melhora deve compensar as margens mais pressionadas em outras divisões, levando a um impacto negativo menor no balanço consolidado, destaca a Ágora Corretora, que continua otimista com a Gerdau em função dos bons resultados do segundo trimestre, mesmo frente a um ambiente de alta volatilidade.
A CSN, na média das projeções do Credit Suisse, ItaúBBA, HSBC e Bofa Merrill Lynch, deve registrar ganho líquido de R$ 270,5 milhões por ter feito vendas de produtos siderúrgicos de maior valor agregado no mercado doméstico e aumentado a produção de minério. Com isso, consegue reverter o prejuízo de R$ 1 bilhão contabilizado no segundo trimestre. Mas esse resultado fica aquém do lucro de R$ 1,1 bilhão da siderúrgica no terceiro trimestre de 2011.
Dentre os bancos ouvidos pelo Valor, o Credit Suisse foi o que projetou o maior lucro para a CSN, de R$ 692 milhões, porque considera na sua análise um impacto positivo de R$ 625 milhões do reconhecimento de ganho no investimento em ações da Usiminas nesse trimestre. A CSN detém hoje quase R$ 1 bilhão em papéis da Usiminas, que valorizaram muito no terceiro trimestre.
A receita esperada para a companhia de Steinbruch é de R$ 4,2 bilhões, pouco acima dos R$ 4,1 bilhões do segundo trimestre e empatada com o terceiro de 2011. O Ebitda previsto é de R$ 1,2 bilhão, mais que os R$ 1,1 bilhão do segundo trimestre, mas 29% inferior ao R$ 1,7 bilhão do mesmo trimestre de 2011. A margem Ebitda encolhe para 25,1%, menos 15,1 pontos percentuais do mesmo período do ano passado.
O HSBC destaca que o volume de produção de aço da empresa deve somar 1,286 milhão de toneladas, 6% acima do segundo trimestre e 2% a mais que o terceiro de 2011. Melhor margem operacional para o aço é garantida pelo mix de vendas de produtos e queda no preço do carvão. As margens de minério têm tendência de queda dada a retração do preço. Mas a receita pode ser compensada por mais volume de minério: 7,1 milhões de toneladas. Neste trimestre, o mercado estará de olho na CSN pela oferta de compra da CSA.
Fonte: Valor / Vera Saavedra Durão
PUBLICIDADE