O presidente da Shell Brasil, André Araújo, disse que a empresa tem interesse em olhar para ativos em todos os segmentos de energia renovável presentes no Brasil, como solar e eólica terrestre e marítima (offshore). Segundo ele, a companhia avalia alternativas para aquisições e fusões em renováveis.
“Queremos ter um pé forte em todas elas”, disse a jornalistas em evento sobre a geração de energia eólica marítima no Rio, hoje.
Este ano, a petroleira iniciou pedidos de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) para geração de energia eólica offshore em seis áreas, nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Os seis projetos, juntos, terão capacidade instalada de 17 gigawatts (GW). Hoje, o Brasil ainda não tem eólicas offshore e o marco legal para o segmento está em discussão.
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“A eólica offshore está numa posição de definição do marco legal. Entendemos que temos a contribuir, engajar com as experiências de fora do Brasil, de definição do modelo de leilões”, afirmou Araújo.
O executivo disse que acredita que ainda vai levar pelo menos mais oito anos até que o Brasil tenha projetos de geração de energia offshore em operação. Ele apontou que, apesar de diversas empresas já terem iniciado processos de licenciamento ambiental para esse tipo de projeto, os processos só devem avançar depois que as regras para esse segmento estiverem definidas.
“O modelo regulatório é a base, mas é importante lembrar que ‘o diabo mora nos detalhes’. É preciso entender como funciona a cadeia de fornecedores, como está a infraestrutura portuária e como essas demandas vão ser definidas”, afirmou.
Araújo ressaltou que o país poderá desenvolver uma cadeia de suprimentos para o segmento de eólicas offshore. “Já sabemos em relação ao conteúdo local aquilo que funciona ou não”, disse durante participação no evento.
O executivo disse ainda que o crescimento na área de comercialização de energia elétrica faz parte da estratégia da companhia para a transição para uma economia de baixo carbono no país.
Nesse sentido, ele defendeu a aprovação do projeto de lei (PL) 414/2021. O projeto prevê a abertura do mercado livre, no qual os clientes podem escolher os fornecedores. Hoje, essa opção é restrita a grandes consumidores de energia.
“Para nós, é importante a aprovação do projeto de lei, que traz um conforto jurídico. Somos favoráveis ao último texto que foi publicado no que se refere à abertura do mercado livre. Achamos que será uma mola propulsora de crescimento”, disse.
O executivo também defendeu a aprovação de um projeto de lei a respeito do mercado de carbono no Brasil. No mês passado, o governo federal publicou um decreto criando esse mercado no país.
“É sempre bom ter um marco legal sólido para evitar judicializações. Uma discussão importante é sobre a qualidade de carbono”, afirmou.
Ele lembrou ainda que uma das chaves para que o Brasil reduza as emissões de carbono é reduzir o desmatamento ilegal.
Fonte: Valor