Um consórcio liderado pela Royal Dutch Shell está perto de fechar a venda de vários campos de petróleo na Nigéria por cerca de US$ 5 bilhões para compradores locais, parte de um movimento de recuo das companhias estrangeiras da mais antiga indústria petroleira da África subsaariana.
Os preços dos quatro campos de petróleo e um importante oleoduto controlado pela Shell, Total e Eni , dobraram desde as estimativas feitas no fim de 2013, enfatizando o poderio financeiro de um grupo de companhias de petróleo nigerianas que emergiram como concorrentes de destaque no setor.
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As vendas são a mais nova movimentação das maiores companhias de petróleo e gás do mundo para reduzir sua presença onshore na Nigéria, diante dos problemas com roubos e sabotagens e da longa demora na implementação de uma lei aprovada pelo governo, estabelecendo novas condições para as operadoras.
Os compradores para os quatro blocos foram selecionados, mas dois licitantes ainda estão negociando seus contratos. Um acordo é esperado para as próximas semanas, mas o negócio depende de aprovação do governo.
Duas pessoas a par da situação, que revelaram detalhes da venda que poderá chegar a US$ 5,2 bilhões, alertaram que este número ainda poderá mudar, uma vez que as companhias ainda estão negociando os detalhes finais. "É muito dinheiro", disse ontem um banqueiro envolvido no processo. "É uma grande amostra da força da indústria de petróleo nigeriana."
A Taleveras e a Aiteo, negociadoras nigerianas de petróleo que se transformaram em produtoras, ofereceram US$ 2,6 bilhões pelo maior campo de petróleo, conhecido como Oil Mining Licence 29, segundo as fontes a par da situação. O oleoduto de 96 quilômetros de extensão Nembe Creek Trunk Line, uma importante artéria de transporte de petróleo que vem sendo regularmente atacada por ladrões de petróleo, está sendo vendido como parte desse pacote.
As companhias domésticas de petróleo estão crescendo forte desde 2008 e já compraram ativos avaliados em US$ 5 bilhões dos maiores grupos de energia do mundo, remodelando a indústria de petróleo de 60 anos da Nigéria.
Shell, Total, Eni, além da Chevron e a ConocoPhillips, venderam campos de petróleo onshore para empresas nigerianas como a Oando, Seplat e Shoreline Natural Resources. A Shell disse que o processo de venda ainda não foi concluído. "Assinamos acordos de venda e compra para algumas concessões de exploração de petróleo, mas nem todas que estamos tentando nos desfazer", disse. A Eni e a Total não comentaram.
Fonte: Valor Econômico/Anjli Raval e Javier Blas | Financial Times, de Londres