A petroleira anglo-holandesa Royal Dutch Shell está abrindo mão de seus últimos campos de petróleo no Iraque, movimento que faz com que a segunda maior produtora do mundo tenha uma presença mínima no Oriente Médio, região que ela ajudou a se tornar uma potência na produção de petróleo.
Na segunda-feira, a empresa anunciou a venda de uma parte de sua participação no campo de West Qurna 1, um dos maiores do país, localizado no sul do Iraque, para a japonesa Itochu. Os valores do acordo não foram divulgados.
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A Shell também pretende se desfazer de sua participação no campo de Majnoon, também no sul do Iraque, até o fim do ano. Com a decisão, a petroleira anglo-holandesa terá ativos apenas em Omã, onde a produção registra média de 220 mil barris ao dia.
A venda de ativos de petróleo iraquianos pela Shell é um dos capítulos finais de sua estratégia de sair do Oriente Médio. A decisão reflete a queda na atratividade das reservas da região, com muitas empresas avaliando que os custos políticos e financeiros não compensam as vastas reservas de petróleo. As americanas ExxonMobil e Chevron, por exemplo, estão concentrando seus esforços nas operações de petróleo de xisto nos Estados Unidos, ainda que mantenham a produção no Iraque.
Além das questões de segurança, os contratos oferecidos pelos governos da região possuem termos bastante ruins para as empresas. O Iraque, em particular, possui condições bastante duras para petroleiras estrangeiras.
A Shell pretende manter suas operações de gás natural no Iraque e outros países do Oriente Médio, como Catar, Omã e Egito, estratégia evidenciada pela aquisição da divisão de gás da petroleira britânica BP, em 2016, por US$ 50 bilhões.
“De forma alguma nós estamos virando as costas para a região, longe disto”, afirmou, em novembro, o diretor-presidente da Shell, Ben van Beurden, a respeito do Oriente Médio. Mas, de acordo com ele, projetos como o campo de Majnoon, “são cada vez mais menos estratégicos para o nosso portfólio”.
Fonte: Valor