As principais siderúrgicas do país fecharam acordo de aumento dos preços do aço com o segmento de distribuição e outros setores industriais na faixa entre 5% e 8%. Segundo apurou o Valor, o reajuste de preços vai entrar em vigor a partir da segunda quinzena de janeiro. Esses clientes são os que não têm contratos semestrais ou anuais, como as montadoras de automóveis.
O reajuste foi primeiramente acertado com a ArcelorMittal Tubarão, conforme uma fonte, e, em seguida, aplicado nas mesmas bases pelas demais empresas do setor - CSN, Usiminas e Gerdau.
Em decorrência do acordo, as ações das siderúrgicas tiveram forte reação ontem na Bovespa. Os papéis da CSN chegaram a subir mais de 10% e fecharam o pregão em alta de 6,8%. A Gerdau subiu 11,12% (a maior alta do Ibovespa), a Metalúrgica Gerdau, 10,44%, e a Usiminas PNA, 4,89%
As siderúrgicas tinham expectativa d e chegarem a um acordo também no início de janeiro com as montadoras de automóveis, cujos contratos são anuais. Durante as negociações, que começaram por volta de outubro, as usinas de aço estavam pedindo em torno de 12% de aumento. No início de 2014 elas obtiveram um acerto que variou entre 10% e 12%. Para este ano, segundo fontes do setor, as montadoras estavam dispostas a um reajuste de no máximo 3% a 5%.
Todavia, é uma negociação difícil, uma vez que o mercado automotivo fechou o ano passado com queda de 7,2% nas vendas e está com seus pátios abarrotados de carros. Ontem, a Volkswagen confirmou a demissão de 800 funcionários da fábrica de São bernardo do Campo, no ABC paulista.
A montadora atribuiu a medida ao fraco desempenho do mercado doméstico, com o acirramento da concorrência e necessidade de melhorar a competitividade de suas operações.
Analistas do banco de investimentos Goldman Sachs estimam que a siderúrgica Gerdau esteja aplicando, desde o início de janeiro, um reajuste de cerca de 10% no preço do aço longo especial. O efeito do aumento sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) anual, calculam, seria da ordem de R$ 180 milhões.
Esse tipo de aço é aplicado principalmente na indústria automotiva, especialmente na fabricação de veículos pesados, como caminhões e ônibus, além dos setores de óleo e gás, energia eólica e de máquinas e equipamentos.
O banco disse acreditar que a Gerdau vai elevar os preços do aço longo comum no Brasil, usado na construção civil. "A recente performance do preço internacional do vergalhão e da moeda local reforçaram nossa confiança em um aumento de 5% a 10% no preço local de aço no primeiro trimestre de 2015", diz o relatório. Cada 1% de aumento, calculam os analistas, deve aumentarem R$ 167 milhões o Ebitda anual da companhia.
No caso de alta de 5%, isso significaria adição de R$ 835 milhões ao Ebitda da Gerdau no ano. Somado o valor previsto para o aço especial (de R$ 180 milhões), o efeito total sobre a geração de caixa seria de R$ 1 bilhão.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso, Victória Mantoan e Ivo Ribeiro | De São Paulo
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