As siderúrgicas terão de pagar preço recorde pelo minério de ferro no próximo trimestre, já que o ressurgimento da demanda mundial pressiona a oferta limitada.
O valor do minério de ferro, usado para produzir aço, é crucial para a economia mundial, já que influencia o preço do produto e, no fim das contas, o custo de muitos bens do dia a dia. O forte aumento do minério de ferro - entre 23% e 25% em relação ao primeiro trimestre, segundo estimativas de analistas - ampliará as preocupações com a inflação, já que os preços do petróleo e alimentos também avançam a passos largos.
O preço do minério de ferro é importante para a rentabilidade de duas das indústrias mais pesadas do mundo: mineração e siderurgia. Nas últimas três semanas, as três maiores mineradoras da commodity - BHP Billiton, Vale e Rio Tinto - anunciaram lucros recorde em 2010, beneficiadas em grande parte pelos preços do minério de ferro. Analistas e executivos do setor preveem preços em 2011 mais altos que em 2010.
Os preços dos contratos para o segundo trimestre, baseados no valor médio do mercado à vista entre dezembro e fevereiro, deverão subir para US$ 170 por tonelada, pelo minério de ferro australiano, excluindo custos de frete. É 40% a 45% a mais que no mesmo trimestre de 2010 e quase o triplo dos US$ 61 verificados até março de 2010, quando regia o sistema antigo de preços referenciais anuais.
"O ano como um todo será fenomenal para as mineradoras", disse Colin Hamilton, analista de commodities a granel da Macquarie.
O aumento nos preços é puxado pela forte recuperação na produção mundial de aço, encabeçada pela China, que importou o recorde de 69 milhões de toneladas de minério de ferro em janeiro. Ao mesmo tempo, a oferta mostra-se vagarosa, com as exportações da Índia, por exemplo, tendo recuado acentuadamente como resultado de limites às exportações e do maior consumo doméstico.
O aumento no preço do contrato trimestral pode provocar por um lado a alta do aço ou por outro a queda nas margens de lucro das siderúrgicas. Alguns tipos de aço no mercado à vista já subiram mais de 50% desde novembro. O preço final do contrato terá como base ontem, último dia de negociação de fevereiro, e tem diferenças entre as mineradoras, que usam fórmulas diferentes.
Os preços do coque, outro item chave na produção de aço, deverão superar ou chegar perto do recorde de US$ 300 por tonelada, após enchentes na Austrália terem afetado a oferta.
Fonte: valor Econômico/Jack Farchy | Financial Times, de Londres
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