Maior conglomerado de engenharia elétrica e eletrônica do país, a Siemens do Brasil tem como meta duplicar seu faturamento interno até 2015. A estratégia é se alinhar às necessidades de crescimento do país nos próximos anos. E isso significará saltar para o patamar de R$ 8,5 bilhões.
Seguindo esse plano, a companhia fechou o ano fiscal encerrado em 30 de setembro com faturamento interno líquido de R$ 4,2 bilhões, o que representa um crescimento de 10% em relação a 2009. Esse valor foi distribuído entre as áreas de Indústria (40%), Energia (45%) e Saúde (15%), puxada por várias aquisições no segmento de diagnósticos no país. Considerando as exportações, o montante alcança R$ 5,4 bilhões.
Para 2011, a companhia aposta na energia eólica, segmento que receberá a maior fatia dos aportes no ano, estimados em R$ 150 milhões. A empresa vê condições promissoras de elevar sua participação numa área de negócio que tem previsão de crescimento de 3% para 9% na matriz energética do país.
Os investimentos incluem a implantação de sua primeira fábrica de aerogeradores no país, com investimentos da ordem de R$ 20 milhões. Segundo o presidente da empresa no Brasil, Adilson Primo, o local onde a unidade industrial será instalada ainda não foi definido, mas "é interessante que esteja próxima a um porto" e, provavelmente, no Nordeste. A região concentra 95% dos parques eólicos do país.
Outro setor-chave para investimentos é o segmento de óleo e gás, em linha com a crescente demanda por equipamentos com a exploração de petróleo da camada pré-sal. Segundo Primo, os produtos fabricados pela Siemens estão presentes em dois terços de todas as plataformas offshore brasileiras projetadas nos últimos oito anos. Além disso, o executivo mencionou as quatro refinarias da Petrobras em projetos e em fase de implantação no país. "Há 30 anos não se construía uma refinaria no Brasil", comentou.
A empresa planeja também abrir ainda uma unidade de fabricação de motores de baixa tensão, voltados para o segmento de óleo e gás. Em um segundo momento, a unidade produzirá também equipamentos de média tensão. "Com a descoberta do pré-sal, a produção local será mandatória", enfatizou Primo. Esta segunda etapa, porém, pode ficar para o início de 2012.
Mas é nos principais gargalos do país - que tornam-se mais evidentes à medida que se aproximam a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 - que a companhia vê suas principais oportunidades de crescimento para os próximos cinco anos. "Infraestrutura é o maior 'gap' do país, mas para nós é uma grande oportunidade", afirmou Primo, durante a apresentação, ontem, dos resultados da filial brasileira no ano fiscal de 2010, encerrado no dia 30 de setembro.
"Dos investimentos totais em um evento como a Copa do Mundo, apenas 10% vão para estádios. Os outros 90% vão para infraestrutura urbana. É nessa área que temos interesse", revelou. A começar pela questão dos transportes, chamada de "mobility", pela Siemens.
O executivo reiterou que a empresa estuda -, e tem interesse em participar da licitação - o projeto do trem-bala, obra de R$ 34 bilhões que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. "Temos uma visão para o Brasil de longo prazo", reforçou, lembrando que esse empreendimento depende da definição de algumas questões fundamentais, como as desapropriações de terras no trajeto, do licenciamento ambiental e do valor da obra. "Há projeções de custo de até R$ 50 bilhões e entre 80% e 90% disso referem-se a obras civis".
No caso do sistema hoteleiro, que ficará sobrecarregado nas cidades que receberão os eventos mundiais, a Siemens também estará de olho em oportunidades na área de automações predial, para atuar na segurança do suprimento de energia, por exemplo. "A Copa e as Olimpíadas serão alguns dias que podem gerar um legado de 30 anos, se os investimentos forem bem geridos", avaliou Primo.
No ano fiscal de 2010, a subsidiária da multinacional alemã teve o melhor desempenho entre os BRICs - grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China. O país respondeu por crescimento de 33% em moeda internacional (euro), superando os 17% da Índia e os 12% da China. Na entrada de pedidos, que subiu de R$ 4 milhões do ano passado para R$ 4,9 milhões em 2010 (até 30 de setembro), a empresa obteve, em euro, expansão de 48%.
"Em quase todos os negócios no Brasil tivemos performance excelente", informou o executivo. "Já estamos atrasados em tirar alguns projetos da gaveta", disse. Ele lembrou que, mundialmente, a Siemens registrou o melhor ano da sua história. A subsidiária brasileira tem 13 fábricas e seis centros de pesquisa e desenvolvimento, empregando 10.170 pessoas.
(Fonte: Valor Econômico/Ana Luísa Westphalen | De São Paulo/Colaborou Ivo Ribeiro, de São Paulo)
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