A transição energética global rumo a fontes de energia menos poluentes, com a consequente redução das emissões de carbono, representa uma oportunidade para o Brasil, na visão de executivos de petroleiras que operam no país.
“Não tenho muitas dúvidas que a pandemia acelerou ou vai acelerar um pouco esse caminho em virtude da baixa no consumo de óleo e gás”, disse Miguel Pereira, diretor-presidente da portuguesa Galp, durante o painel “Desafios e perspectivas da indústria de óleo e gás no Brasil”, na feira Rio Oil & Gas.
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Para o executivo, a questão ultrapassa os efeitos da covid-19, uma vez que a sociedade e as companhias petrolíferas estão comprometidas com o objetivo de reduzir as emissões, tomando por base as metas do Acordo de Paris, assinado em 2015.
Por causa dos efeitos da covid-19 na economia, a Galp reduziu investimentos e despesas operacionais em 2020 de forma a preservar seu caixa. A estratégia será mantida no próximo ano. “Evidentemente, nesse último período, que nos afetou a todos, tivemos de olhar para a preservação de caixa, tendo a Galp reduzido em mais de 500 milhões de euros o seu capex [investimento] e o seu opex [despesas operacionais] para 2020 e agora para 2021 também”, esclareceu Pereira.
Gerente executivo de águas ultraprofundas da Petrobras, Joelson Falcão Mendes destacou que, além da “janela de oportunidade” representada pela geração de energia a partir das fontes solar, eólica e hidrelétrica, o Brasil conta com petróleo de baixo teor de enxofre na camada do pré-sal. “Temos um pré-sal onde podemos buscar energia com uma menor quantidade de emissões possíveis”, argumentou.
De acordo com Mendes, foco principal da empresa ao longo dos próximos anos continuará a ser na exploração de petróleo em águas ultraprofundas e também na diminuição de emissões de carbono.
A presidente da ExxonMobil no Brasil, Carla Lacerda, frisou a oportunidade representada pela transição energética e ressaltou três vantagens que o Brasil possui na implementação de uma estratégia de redução de emissões: recursos de óleo e gás de qualidade global (especialmente na camada do pré-sal), indústria de bens e serviços robusta e capital intelectual.
Presidente da Shell Brasil, André Araujo lembrou que a companhia busca também oportunidades na área de energia renovável. O executivo alertou para o fato de que a diversificação de opções e a crescente “disciplina de capital” adotada pela Shell aumentam a disputa por recursos para projetos não só em nível internacional, mas também na esfera local. “Além de a gente disputar [recursos] com outros países, precisamos olhar com bastante cuidado para onde esses recursos vão dentro do próprio país”, disse.
Fonte: Valor