De Bruxelas - A missão econômica comandada pelo príncipe Philippe ao Brasil foi ligeiramente atrapalhada por mais uma crise política na Bélgica. O príncipe só viaja acompanhado de um ministro, que é quem tem a responsabilidade para assumir os compromissos em nome do país.
Mas há duas semanas a coalizão no governo federal se esfarelou e o país ficou de novo sem governo e sem o ministro da Economia, Vincent Van Quickenborne, que deveria fazer a viagem. O jeito foi nomear Jos Chaebert, um conselheiro pessoal do rei, como ministro de Estado, e assim com a função de acompanhar o príncipe herdeiro.
A Bélgica é um reino federal com três regiões (Flandres, Valôonia e Bruxelas, capital) e três comunidades, que falam o flamengo (ou holandês), francês e alemão. Passa por caos político periodicamente, a ponto de agora os jornais indagarem em manchete inteira de primeira página se o país ainda tem sentido.
O primeiro-ministro, Yves Leterme, foi forçado a se demitir pela quinta vez, desde que seu partido democrata cristão ganhou a eleição em 2007, porque os liberais de língua flamenga se retiraram da coalizão, alegando que ele fazia concessões demais à minoria de língua francesa numa disputa sobre a administração dos subúrbios de Bruxelas.
Na ultima vez, o país ficou nove meses sem governo. Agora, o Parlamento também vai ser dissolvido e haverá eleição no dia 13 de junho, duas semanas antes de o país assumir a presidência rotativa da União Europeia.
De fato, é difícil entender a Bélgica. Cada região tem seu próprio governo, com grande autonomia, a ponto de cada uma ter sua própria representação comercial em alguns países. O convidado do governo passa o primeiro dia com os responsáveis da região de Flandres, o segundo com os da região de Valônia, o terceiro, com os da região de Bruxelas, e no quarto dia é feito o contato com o governo federal.
Mas conversando com diferentes pessoas, todas, sem exceção, se dizem cansados das crises, que atribuem à ambição de políticos.
A crise de Estado atual foi provocada por causa de direitos de voto dos residentes nos arredores de Bruxelas. Num país segregado pela fronteira linguística entre o flamengo e o francês, os partidos de Flandres exigem retirar as listas eleitorais dos grupos de língua francesa nos territórios flamengos, mesmo sendo Bruxelas bilíngue.
Os dois grupos linguísticos se afrontam regularmente sobre tudo, desde impostos a campo de futebol e sobre o que se escrever nos livros de história. (AM)
Fonte: Valor Econômico:
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