O conselho de administração da Usiminas acatou pedido do acionista minoritário Lírio Parisotto e deverá convocar hoje uma assembleia geral extraordinária (AGE) para o dia 6 de abril. Nesse dia, será eleito um novo conselho de administração para a companhia. Até lá deverá ser intensa a movimentação da base acionária da empresa para preencher as vagas.
O Valor apurou que a CSN fez uma consulta ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que suspendeu os direitos políticos das ações que a siderúrgica possui na Usiminas desde 2011. Ao tomar conhecimento, após um anúncio publicado em jornais, que o grupo de Parisotto pedia o apoio de outros minoritários para conseguir convocar a assembleia, a CSN pediu ao Cade que reavaliasse a suspensão de seus direitos. O caso deverá ser examinado na próxima semana, apurou o Valor.
O Cade suspendeu os direitos para que a CSN não participe das decisões estratégicas da concorrente Usiminas e, no ano passado, determinou a venda das ações.
O fundo L Par, que reúne os recursos de Parisotto, já havia pedido ao Cade que reavaliasse a questão, diante das dificuldades de formar quorum em assembleias da Usiminas, por conta do bloqueio das ações que estão com a CSN. Mas o pedido foi negado. A CSN tem 20,14% das ações preferenciais e 11,66% das ordinárias da Usiminas. Procurada, a CSN não comentou.
As informações de mercado são de que Parisotto deseja levar seu nome à votação para ocupar não apenas uma cadeira, mas a presidência do conselho da Usiminas. Mas, diante da possibilidade de conseguir o apoio de mais acionistas ou até mesmo de as ações da CSN eventualmente participarem da votação, Parisotto se prepara para o caso de os minoritários conseguirem eleger mais de um representante.
O investidor entrou em contato com Mauro Cunha, presidente da Amec, associação que reúne investidores institucionais, e hoje membro independente do conselho da Petrobras. Cunha confirma a sondagem e afirmou ao Valor que colocou seu nome à disposição dos acionistas, com a avaliação de que teria "disponibilidade" para a função, sem qualquer conflito e que seu nome poderia contribuir para uma composição entre os acionistas envolvidos.
Desde setembro, tornou-se pública uma disputa entre os controladores da Usiminas, os japoneses da Nippon Steel & Sumitomo e a italiana Ternium-Techint. Cunha não comentou se deixaria o conselho da Petrobras no caso de abraçar essa nova missão.
Entre os acionistas que se uniram a Parisotto para conseguir a convocação da assembleia, apurou o Valor, estão a massa falida do Banco Econômico, Tempo Capital, e pessoas físicas, como o investidor Vitor Adler.
Inicialmente, a solicitação era de que a assembleia ocorresse em 2 de abril. No entanto, durante a reunião de conselho, Marcelo Gasparino, advogado que trabalha ao lado de Parisotto, concordou em adiar a convocação por alguns dias, atendendo a pedido da Ternium, uma vez que dia 2 seria feriado na Argentina.
Gasparino foi eleito para o conselho ano passado por eleição em separado e tem vaga garantida no conselho da Usiminas. Serão alvo da eleição assentos ocupados pelo processo de voto múltiplo. A medida é necessária porque um conselheiro que havia sido indicado pela Previ renunciou ao posto em outubro.
Na AGE, os minoritários ordinaristas, donos de 10,01% das ações, é que devem definir o novo presidente do conselho, uma vez que Ternium-Techint e Nippon Steel travam uma batalha judicial sobre a gestão da Usiminas e devem ficar impedidos de votar por não chegarem a consenso. Os grupos não quiseram comentar o assunto. Parisotto precisa contar com 5% de ações ON.
Fonte: Valor Econômico/Ana Paula Ragazzi | Do Rio
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