Usiminas e Gerdau anunciaram na última semana que pretendem avançar no setor de mineração, mas demonstraram focos distintos em seus planos. Enquanto a Usiminas sinalizou que pretende seguir os passos da CSN, primeira siderúrgica a anunciar que faria a segregação dos ativos de minério de ferro, a atuação da Gerdau no mercado da matéria-prima deverá ser mais modesta, pelo menos no curto prazo, com foco em assegurar 80% do minério necessário para a produção de aço na Açominas, em Ouro Branco. A nova empresa, a ser criada pela Usiminas, reunirá negócios de exploração de minério de ferro e atividades de logística relacionadas. Segundo o presidente da companhia, Marco Antonio Castello Branco, a participação da Usiminas no capital dessa empresa não deve ser inferior a 51%.
A Usiminas tem interesse em ter um sócio estratégico de longo prazo no negócio de mineração e já sinalizou que poderá abrir o capital da nova empresa. A companhia mantém contato com vários investidores estratégicos, que se mostraram interessados no negócio de mineração. A estratégia da companhia se assemelha à da CSN, que tomou a decisão de segregar, no primeiro trimestre, seus ativos de mineração e logística das demais atividades para posteriormente abrir capital da nova empresa ou vender uma fatia para um sócio. É possível também que as duas possibilidades sejam colocadas em curso.
A CSN já divulgou ao mercado, diversas vezes, sua intenção de abrir capital da Casa de Pedra. Em 2009, a CSN vendeu 40% da mineradora Namisa para um consórcio asiático. Não está decidido se a nova empresa, que será formada com a cisão dos ativos de mineração, vai incluir a participação da CSN na MRS Logística. Segundo o analista da Geração Corretora Rafael Weber, a segregação dos ativos de mineração pode contribuir para dar mais visibilidade desse negócio da Usiminas para o mercado.
"O ativo de mineração da Usiminas está mal precificado, sem aparecer nos resultados", diz Weber. A CSN divulgou várias vezes que a soma das partes da companhia é maior que o todo e que a venda de participação em mineração poderá valorizar esse negócio. Na avaliação de outro analista, que não quis ser identificado, a Usiminas costuma ser mais conservadora que a CSN ao anunciar suas intenções, mas ressaltou que "o mercado tem dado o benefício da dúvida à CSN" desde que a companhia começou a divulgar que quer abrir o capital da Casa de Pedra.
Segundo ele, a tendência é que o anúncio de que a Usiminas pretende segregar as atividades de mineração e buscar um sócio estratégico que contribua para valorizar os papéis da companhia. Mais do que a cisão dos ativos de mineração, o foco da Usiminas em agregar valor ao aço pode contribuir para a valorização das ações da Usiminas, conforme o analista.
Ao comentar os resultados do quarto trimestre, o presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, afirmou que a empresa poderá fazer negócios com uma empresa de mineração ou iniciar a exportação do minério de ferro, mas destacou que, nos próximos dois anos, a sua prioridade é atingir 80% de autossuficiência em minério de ferro para a produção de aço.
"A Gerdau olha para a mineração mais do ponto de vista do custo e não como receita. Já a Usiminas está muito mais próxima da CSN na intenção de desenvolver o negócio de minério e vender (a matéria-prima)", diz o analista do banco Sicredi Carlos Kochenborger. Não se espera que a concorrência com Usiminas e Gerdau em minério de ferro ameace a CSN no curto prazo.
Nos cálculos de Kochenborger, a CSN deve produzir cerca de 39 milhões de toneladas este ano, enquanto a produção da Usiminas será de 7 milhões de toneladas. A produção de minério da Gerdau é estimada em 3,3 milhões de toneladas. O analista da SLW Pedro Galdi destaca que não há muitos ativos minerários disponíveis para venda no Brasil.
(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/Chiara Quintão/Da agência estado)
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