A Usiminas poderá embolsar US$ 1,09 bilhão com a venda de sua participação de 14,25% no capital da Ternium, braço siderúrgico do grupo ítalo-argentino Techint na América Latina. O cálculo foi feito com base no valor de mercado da Ternium na sexta-feira, de US$ 7,6 bilhões, com a ação cotada a US$ 38. Os papéis da siderúrgica do grupo Techint são negociados na Bolsa de Valores de Nova York.
Em dois comunicados enviados à bolsa ontem, a Usiminas informou ao mercado a decisão, aprovada pelo conselho de administração, de vender as ações da Ternium detidas pela sua subsidiária dinamarquesa, Usiminas Europa, em oferta pública de ações nos Estados Unidos. Um contrato celebrado entre as duas empresas garante a Ternium e a Techint Holdings a aquisição de um número determinado de ações de sua emissão com base no preço da oferta pública, em uma transação privada simultânea.
A Ternium, segundo o comunicado da Usiminas, deve comprar o equivalente a US$ 150 milhões em ações e a Techint, outros US$ 100 milhões. A Usiminas entrou ontem com o pedido de registro da oferta na Securities and Exchange Commission (SEC).
Nas contas dos analistas Ivan Fadel e Bruno Savaris, que assinam relatório divulgado ontem pelo Credit Suisse, US$ 250 milhões correspondem a uma participação de cerca de 3,7% da Ternium. Com isso, as sobras a serem ofertadas ao mercado serão de cerca de 11% dos papéis da Ternium, ou US$ 840 milhões.
A venda das ações deverá ocorrer em fevereiro. O preço dos papéis da Ternium na operação deverá ser definido na segunda semana deste mês.
Para os analistas do banco suíço, a operação será positiva para a Usiminas, que poderá usar o dinheiro para pagar dívidas ou investir em máquinas e equipamentos. Para a Ternium, poderá ser negativa no curto prazo, pois a pressão de venda dos papéis poderá levar a uma queda no preço das ações.
A Usiminas adquiriu as ações da Ternium em 2005. Mas, em maio do ano passado, durante a conferência telefônica para apresentar resultados do primeiro trimestre, já anunciou sua intenção ao mercado de vender as ações da Ternium, que não faziam parte de seu negócio principal.
A Usiminas deve divulgar o resultado do quarto trimestre de 2010 no dia 23 de fevereiro. O mercado está prevendo um resultado fraco para a companhia, com a margem Ebitda (que mede a relação do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização e a receita) caindo dos 22% no terceiro trimestre de 2010 para algo em torno de 17% no quarto.
Isso porque a empresa é afetada pela alta dos estoques de aço importado, principalmente aços longos, e não tem proteção contra a alta da matéria-prima. O importante para o mercado é ouvir a companhia sobre seus planos para o primeiro semestre de 2011, ou seja, como ela pretende recuperar sua margem Ebitda para a casa dos 20%. Nesse caso, a venda das ações da Ternium pode ajudar.
A Usiminas está sendo alvo de assédio pela CSN. Entretanto, os interlocutores acham difícil, para não dizer impossível, que Benjamin Steinbruch, controlador da CSN, consiga entrar no bloco de controle da siderúrgica mineira, já que a Nippon, que é acionista, tem direito de preferência.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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