O presidente da Usiminas, Alberto Ono, considerou positivo o resultado da empresa no segundo trimestre do ano, apesar do cenário com muita volatilidade nos mercados doméstico e internacional.
O executivo observou que a guerra entre Rússia e Ucrânia tem afetado os negócios, incluindo preços do aço, custos dos insumos e gastos logísticos.
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A expectativa é de estabilidade na demanda de aço no mercado interno no segundo semestre. “Estamos observando certa estabilidade no consumo e demanda no mercado interno”, disse o vice-presidente comercial, Miguel Homes.
O vice-presidente de finanças, Thiago Rodrigues, disse que o setor automotivo, um dos principais segmentos de cliente, ainda sofre volatilidade por conta da oferta irregular de matérias-primas importadas. Já no segmento industrial as vendas estão aquecidas, em função do bom momento que vive o agronegócio, bem como os segmentos de energia solar, óleo e gás.
“O setor automotivo ainda vive muitas incertezas, mas pode ter melhora se receber maiores volumes de semicondutores. O setor de distribuição temos que continuar monitorando”, afirmou Rodrigues.
Importações de aços revestidos
A Usiminas relatou preocupação em relação ao aumento da importação de aços revestidos de origem chinesa nos últimos meses, devido a incentivos que o governo chinês tem oferecido para exportar.
“Estamos vendo uma concorrência desleal. Vamos falar com o governo para ver o que pode ser feito”, disse Homes, acrescentando que o impacto dessas importações na Usiminas tem sido baixa. A Usiminas vende aço revestido para os setores automotivo e industrial.
Gastos e projetos
A Usiminas espera uma redução no capital de giro do terceiro trimestre, em relação ao segundo trimestre, por conta dos gastos mais altos com matérias-primas e investimentos para retomada do alto-forno 3. Questionado sobre a possibilidade da Usiminas investir em uma linha de aço galvanizado, Rodrigues disse que uma linha de galvanizado seria uma das opções, mas no momento não há nada para ser comentado.
Ono ressaltou o resgate antecipado da primeira série da 7ª emissão de debêntures, com valor de R$ 700 milhões e vencimento em 2023. “Foi uma operação interessante, porque nos deu mais prazo e custos menores”, afirmou o executivo.
Ono também observou que a Usiminas pagou no segundo trimestre a última parcela de dividendos relativos a 2021, no valor de R$ 734 milhões. Ao todo, a Usiminas pagou R$ 2,1 bilhões em dividendos no ano passado, o maior pagamento feito na história da companhia, segundo o executivo.
Questionado sobre os proventos de 2022, o vice-presidente de finanças disse que a companhia vai aguardar o resultado do ano para definir os proventos a serem pagos aos acionistas.
Custos
A Usiminas espera apresentar no terceiro trimestre do ano uma estrutura de custos similar ao que foi registrado no segundo trimestre, disse Rodrigues. Em relação ao quarto trimestre, a companhia não fez previsão.
“Os efeitos que nós vimos nas coquerias deve permanecer estável. [Sobre] As placas, a gente ainda vai consumir as compradas com preço muito alto no terceiro trimestre”, afirmou Rodrigues.
De acordo com o executivo, só a partir do quarto trimestre pode haver uma redução mais acentuada nos preços das placas.
Rodrigues também estima que a companhia terá que lidar com preços altos no coque no terceiro trimestre e pode receber algum benefício em relação aos preços do minério.
Em relação aos custos de produtos vendidos, a Usiminas informou que espera custos no terceiro trimestre no mesmo patamar do segundo trimestre do ano. Mas pode haver mudanças dependendo da evolução nos preços dos combustíveis.
Previsão de investimento mantida
A Usiminas mantém a previsão de investimentos (capex) de R$ 2 bilhões neste ano. A companhia anunciou hoje que as coquerias têm apresentado menor disponibilidade de produção e que vai adotar medidas de mitigação.
Fonte: Valor