A Vale deu início oficialmente ontem ao processo de sucessão do seu  presidente Roger Agnelli. Em fato relevante, a empresa informou que seu  controlador, a Valepar, vai realizar uma reunião prévia de acionistas na  segunda-feira, dia 4, e do conselho de administração na quinta-feira,  dia 7, para aprovar a contratação de uma empresa internacional de  seleção de executivos ("head hunter") para selecionar nomes no mercado.
 
 Além disso, os sócios deverão se manifestar sobre a indicação do futuro  diretor-presidente da Vale com base em nomes propostos "em lista  tríplice elaborada por 'head hunter', para assumir o cargo após o  término do mandato" de Agnelli.
 
 O comunicado veio após reunião do conselho da Valepar e da Vale ontem, e  torna oficial a saída de Agnelli, que já vinha sendo esperada há meses  pelo mercado. Durante a reunião, o próprio Agnelli tratou do assunto,  segundo apurou o Valor com pessoas próximas à companhia.
 
 O executivo, aparentando tranquilidade, chamou a atenção para o impacto  negativo que esse processo de mudança de comando pode ter sobre as ações  da Vale nos mercados brasileiro e internacional.
 
 No ano, os papéis ordinários (ON) da companhia negociados na  BM&FBovespa caíram 3,06% e, no mês, 5,24%. As preferenciais PNA  recuaram 1,69% no ano e 4,46% no mês.
 
 Ontem houve ligeira alta, com a ON fechando a R$ 53,35 e a PNA, a R$ 47,39.
 
 Em Nova York, os recibos das ações (ADR) ordinárias da Vale fecharam o ano com queda de 3,02% e o mês com 2,57%.
 
 O ADR preferencial apresentou declínio de 2,32% no ano e de 1,50% no  mês. O valor de mercado da Vale na Bolsa de Nova York ontem era de US$  178,9 bilhões.
 
 Agnelli também exibiu números aos acionistas e conselheiros relativos ao  comportamento dos papéis da empresa nos últimos meses. O executivo  disse que é preciso ter cuidado com esse processo de transição para que  não cause prejuízos maiores à empresa. Suas palavras foram vistas como  "adequadas" para o momento que a companhia atravessa.
 
 A escolha de uma empresa profissional para selecionar um nome para  comandar a Vale, teoricamente, não elimina as chances de nenhum dos  candidatos citados para o cargo, e que deverão ser aprovados  indiretamente pelo governo, maior acionista da empresa. Mas dará ao  processo uma aparência menos política e mais palatável para o mercado.
 
 As referências a Tito Martins e José Carlos Martins, diretores  executivos da companhia, para ocupar o cargo de Agnelli continuam na  bolsa de apostas, sendo que o de Tito aparece como o preferido. Fábio  Barbosa, do Santander, considerado um nome forte no Planalto, corre por  fora.
 
 A data-limite para formalizar o nome do novo diretor-presidente vem  sendo considerada como 19 de abril, dia em que será realizada a  assembleia geral ordinária da Vale. Entretanto, especialistas em  governança corporativa afirmam que não cabe à assembleia geral escolher  ou mesmo referendar o nome do sucessor de Agnelli. A indicação é um  privilégio apenas do conselho de administração.
(Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio/Colaborou Angelo Pavini)
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