A demanda por minério de ferro está elevada em todo o mundo e a Vale não tem capacidade neste momento de atender a todo o mercado, disse na quinta-feira o diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Fabio Barbosa. Ele afirmou que a companhia não está entregando mais minério por questões internas, sem especificar, porém, estas questões. "O mercado está demandando mais do que nós podemos entregar", disse Barbosa. Segundo ele, a Vale está se ajustando para poder ampliar as vendas.
O executivo comentou que o setor já está em trajetória de recuperação, após as dificuldades com a crise econômica no ano passado. Esse movimento já se reflete na alta do preço do minério no mercado à vista. Barbosa apontou que a demanda está crescendo em ritmo mais acelerado nos países emergentes, mas que Estados Unidos e Austrália já vêm se recuperando.
Para evitar os efeitos de um aumento elevado nos preços do minério de ferro no mercado à vista (spot), a companhia, maior produtora mundial da commodity, pretende sugerir um novo modelo para a definição dos preços para este ano, mais flexível. Os executivos da mineradora deixaram claro que não aceitarão uma grande diferença entre os preços no mercado spot e os dos contratos de longo prazo (benchmark).
As grandes siderúrgicas e mineradoras estão no estágio inicial das negociações para a eventual definição de preço fixo do minério para 2010, como ocorre todo ano. Em 2009, no entanto, nem todas as siderúrgicas aceitaram os preços dos contratos benchmark, assim como muitas mineradoras preferiram vender volumes cada vez maiores no mercado spot, o que jogou dúvidas sobre a manutenção de um sistema de preços de longo prazo.
O diretor de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, citou a forte variação dos preços no mercado à vista no ano passado para exemplificar a necessidade de um novo formato que corrija os desequilíbrios. "Em junho do ano pasado o preço spot estava abaixo do benchmark, e atraiu um monte de gente, mas depois ele se igualou ao benchmark por um tempo, uns três meses, e de outubro em diante o spot subiu acima do benchmark", afirmou Martins.
Ele disse que o preço à vista gira em torno de US$ 130 por tonelada, uma cifra duas vezes maior que a negociada em contratos de longo prazo. Por isso, as siderúrgicas terão que levar essa diferença em conta nas negociações de preço deste ano.
"Nós sempre mantemos nossa política de vender no benchmark, mas não podemos manter essa diferença de preço para o spot, que hoje está o dobro do valor do benchmark. Esperamos que nossos clientes entendam isso". Analistas esperam um aumento nos preços anuais de 35% a 50%.
CHINA. Fabio Barbosa comentou que a demanda da China por minério de ferro produzido no próprio país está diminuindo. Com isso, aumenta a chance da Vale de elevar sua participação. Para ele, os clientes chineses tiveram acesso ao minério brasileiro durante a crise, quando a mineradora destinou volumes maiores para a China, e agora estão dando preferência a este tipo de minério. "Os consumidores chineses estão pagando mais pelo insumo importado em relação ao insumo nacional devido a esta mudança estrutural", disse o diretor de Finanças.
Sobre os planos da companhia de aumentar sua frota própria, ele afirmou que a meta da Vale não é ganhar dinheiro com frete, mas com minério de ferro. "Nosso objetivo é vender cada tonelada de minério produzida, seja com transporte próprio ou com navios dos clientes."
A aquisição da Fosfértil pela Vale é uma aposta da empresa no crescimento da demanda por proteína animal e biocombustíveis nos países emergentes, de acordo com Barbosa. "O Brasil e a China são as maiores fontes desta demanda", afirmou.
De acordo com o executivo, a mineradora é hoje uma das maiores produtoras de fertilizantes com a aquisição da Fosfértil e outros ativos da Bunge. A companhia prevê que a participação do Brasil no consumo global de fosfatados passará dos atuais 9% para 13,5% até 2020, enquanto em potássio deve sair de 15% para 18% na mesma base de comparação.
Para a empresa, o Brasil se destaca na área agrícola devido às grandes áreas para expansão de fronteira e à disponibilidade significativa de fontes de água. Atualmente, a importação chega a 53% do consumo de potássio e 92% de fosfatados no Brasil. Barbosa frisou que o interesse da companhia está nos segmentos de fósforo e potássio, mas não há planos de investir em nitrogênio.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/Com agências/DANIEL CÚRIO)
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