A queda nos preços do minério de ferro no mercado internacional está levando analistas de bancos a prever resultados mais fracos para a Vale no terceiro trimestre de 2014, cujos números serão conhecidos amanhã antes da abertura do pregão na BM&FBovespa. A expectativa é de que as vendas de minério de ferro, principal produto da empresa, tenham ficado abaixo das registradas em igual período de 2013. Com menores volumes de venda e preços mais baixos para a commodity, a Vale deve divulgar receita e lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) inferiores, no terceiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado.
O lucro deve sofrer o impacto contábil da desvalorização do real frente ao dólar. No fim de setembro, o real se desvalorizou 9,02% em relação à cotação da moeda americana no mesmo mês de 2013. A previsão média de sete bancos ouvidos pelo Valor é de que a mineradora registre receita líquida de US$ 9,76 bilhões de julho a setembro, com recuo de 23% sobre os US$ 12,67 bilhões de igual período do ano passado. O Ebitda médio dos sete bancos situou-se em US$ 3,46 bilhões, 40% abaixo dos cerca de US$ 5,8 bilhões de julho a setembro de 2013.
Nas previsões de lucro líquido, há grandes discrepâncias. As projeções vão de prejuízo de US$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre do ano, feita por banco que preferiu não se identificar, até lucro líquido de US$ 1,8 bilhão, estimativa do Bradesco. No terceiro trimestre de 2013, a Vale registrou lucro líquido de US$ 3,5 bilhões.
A distância entre as previsões pode ser explicada, segundo alguns analistas, pelo efeito do câmbio sobre ativos e passivos da empresa dentro dos modelos usados pelas instituições financeiras para fazer as projeções. "Todo trimestre em que há variação cambial mais forte fica mais difícil acertar a última linha do balanço [o lucro]", disse um analista que não quis se identificar. Em relatório, o Bradesco apontou que os preços do minério de ferro caíram 12% no trimestre em relação ao segundo trimestre do ano, o que coloca pressão sobre os resultados da mineradora no terceiro trimestre. Além do lucro de US$ 1,8 bilhão, o Bradesco estimou receita líquida de US$ 9,5 bilhões e Ebitda de US$ 3,74 bilhões para a Va le no terceiro trimestre do ano.
O Bradesco projetou ainda vendas de minério de ferro para a Vale de 72,6 milhões de toneladas no terceiro trimestre, queda de 1,1% sobre o mesmo período de 2013. Isso apesar de a Vale ter anunciado, na semana passada, recorde de produção de julho a setembro de 2014, com 85,7 milhões de toneladas de minério de ferro. Houve problemas de embarque na Estrada de Ferro de Carajás (EFC), no fim de setembro, e a Vale aumentou os estoques da commodity ao longo da cadeia de produção da empresa. O Citi previu receita de vendas de US$ 9,48 bilhões, Ebitda de US$ 3,39 bilhões e lucro de US$ 1,37 bilhão. O banco listou questões-chave para a mineradora que ainda precisam ser respondidas, entre as quais aparecem os benefícios de um real mais fraco para a companhia e sinais de como o investimento da Vale pode ser reduzido em 2015 para equilibrar o preço do minério, na faixa de US$ 80 por tonelada, com o pagamento de dividendos aos acionistas.
Nas contas da corretora Itaú BBA, a Vale deve reportar receita líquida de US$ 9,52 bilhões, Ebitda de US$ 3,45 bilhões e prejuízo de US$ 668 milhões no terceiro trimestre. O prejuízo será motivado por resultados financeiros negativos considerando o efeito da desvalorização do real na dívida em dólares da companhia. A Itaú BBA estimou preços realizados pela Vale para o minério de ferro de US$ 68 por tonelada no terceiro trimestre, abaixo de US$ 81 por tonelada do segundo trimestre do ano.
O banco Goldman Sachs estimou receita de vendas de US$ 9,72 bilhões, Ebitda de US$ 3,67 bilhões e lucro líquido de US$ 242 milhões para a Vale no terceiro trimestre de 2014. O Grupo Bursátil Mexicano (GBM) previu vendas de US$ 10,86 bilhões, Ebitda de US$ 3,52 bilhões e lucro líquido de US$ 1,43 bilhão. Já o Santander estimou receita de US$ 9,49 bilhões, Ebitda de US$ 3,34 bilhões e prejuízo de US$ 267 milhões para a mineradora no terceiro trimestre do ano.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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