RIO - O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse hoje que as parcerias da empresa em projetos de siderurgia visam "garantir mercado" para o aço produzido nestes empreendimentos. Segundo ele, a companhia não está procurando parceiros para a Aços Laminados do Pará (Alpa), mas está aberta a potenciais novos parceiros no projeto da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, no qual já conta com a parceria da coreana Dongkuk.
"Queremos parcerias nas siderúrgicas para que já nasçam com mercado. A grande questão é ter mercado para colocar os produtos, o mercado brasileiro não comporta toda a produção", disse. No entanto, Agnelli afirmou que está otimista em relação ao desenvolvimento do mercado brasileiro e que considera o País "o melhor do mundo para produzir aço". De acordo com o executivo, "se o Brasil continuar crescendo no ritmo de 4% a 6% ao ano, o consumo de aço vai crescer muito e o excedente que há hoje vai acabar logo".
Agnelli também acredita que a capacidade máxima de produção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), de 5 milhões de toneladas, será atingida em prazo inferior a três ou quatro anos. O presidente da ThyssenKrupp, parceira da Vale no projeto, Ekkehard Schulz, avaliou que, no prazo de três a quatro anos, a economia mundial terá retomado o ritmo de antes da crise e, nesse momento, a capacidade instalada da siderúrgica já terá sido atingida ou ampliada. O presidente da Vale concedeu entrevista após participar da cerimônia de início das operações da CSA.
Custo
A valorização do real desde 2004, quando foi firmado o acordo da entre a Vale e a ThyssenKrupp para a construção da CSA, foi o principal fator para o aumento de 30% no custo total do projeto, informou Agnelli. Após a inauguração da CSA, na zona oeste do Rio, Agnelli contou que a apreciação do Real elevou o preço em dólares do projeto, que envolveu a importação de equipamentos. O investimento total ficou em R$ 5,2 bilhões.
"Ficou bem caro, pelo menos uns 30% acima do inicialmente previsto. Entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de euros ficou por conta disso: variação cambial, o atraso e alguns equipamentos que também provocaram atrasos no projeto. Mas a maior parte foi câmbio", afirmou.
No evento de hoje, Agnelli disse ainda que o preço do minério "depende do comportamento do mercado". Segundo ele, a demanda por minério continua firme, liderada pela China e por outros países da Ásia. "A Europa teve recuperação em relação ao ano passado, ou seja, a demanda, que determina o preço, continua muito forte. Para frente, temos que aguardar os acontecimentos, sobretudo na Europa. Sou otimista e acho que o mercado continua firme, mas, se o preço vai oscilar para cima ou para baixo, é o mercado que vai dizer", afirmou.
Fonte: Agencia Estado/JACQUELINE FARID E ALEXANDRE RODRIGUES
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