Pela primeira vez na história, a Vale superou o lucro anual da Petrobras, cujo valor de mercado excede em mais de R$ 100 bilhões o da empresa mineradora. As duas são as maiores companhias brasileiras.
A Vale obteve lucro recorde de R$ 37,8 bilhões em 2011, deixando para trás o ganho de R$ 33,3 bilhões da Petrobras, campeã em lucratividade no país por anos, até 2010.
O lucro da mineradora superou também o da petroleira no ranking de maiores ganhos já registrados no Brasil em todos os tempos.
O desempenho da mineradora em 2011 foi obtido em meio a um período de crise, com queda de 18,6% no preço do minério de ferro no exercício, enquanto o do petróleo teve alta de 14,1% no mesmo período.
HISTÓRICO
Desde que a Vale foi privatizada, em 1997, o lucro cresceu 4.900%. O da Petrobras, que permaneceu com o Estado, subiu 2.104%.
"Não foi a Vale que cresceu. Foi a Petrobras que parou no tempo ao fazer uma gestão considerada politizada, com equívocos em relação ao conteúdo nacional", afirmou uma analista, que preferiu não se identificar.
Dois fatos são apontados pelos especialistas como razões impeditivas de um crescimento mais forte da Petrobras nos últimos anos.
O primeiro deles diz respeito à política da companhia de não reajustar o preço dos combustíveis em linha com o mercado internacional. O segundo está relacionado ao viés governamental de ter que adquirir equipamentos com forte conteúdo local.
A Vale, que tem presença do governo em seu capital por meio da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), conseguiu dobrar de tamanho durante a gestão de Roger Agnelli, substituído da presidência por Murilo Ferreira em maio de 2011.
"O lucro da Vale está com um crescimento médio de 17% desde 2005. Não tem como falar mal do resultado de uma empresa assim", afirmou Pedro Galdi, analista da SLW Corretora sobre o resultado divulgado na véspera.
A mineradora bateu recordes de receita, produção e geração de caixa no ano passado, e em conversa com analistas ontem informou que está otimista com 2012.
REAQUECIMENTO
O preço do minério, que fechou o ano com média de US$ 136,07 a tonelada, gira agora em torno dos US$ 140 e a expectativa é que, depois do inverno na China, principal cliente da Vale, a economia volte a se aquecer.
"Acreditamos que, com o fim do inverno e com a recuperação do setor de construção na China, vai haver mais demanda por minério", diz o diretor de ferrosos e estratégia da Vale, José Carlos Martins. "A partir do segundo trimestre, deve acontecer alguma recuperação no preço."
A empresa confirmou também que está reavaliando seus ativos de petróleo e gás natural, e que não vai mais participar de leilões de áreas de petróleo - nem no Brasil nem no exterior.
Fonte: Folha de S.Paulo / Denise Luna
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