SÃO PAULO - Depois de ficar praticamente estável neste ano, a Vale acredita que o mercado transoceânico do minério de ferro crescerá de 6% a 8% ao ano até 2020, disse nesta quinta-feira Rogério Nogueira, diretor de controladoria e relações com investidores (RI) da companhia, em evento realizado pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).
“O mercado nunca operou com um nível de produção tão alto”, disse o executivo. “A Vale segue aumentando, mas Rio Tinto e BHP Billiton, por exemplo, também crescem demais. É difícil manter esse nível, começa a exaustão das minas e a reposição não tão alta.”
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Além disso, a oferta deve crescer, disse Nogueira, mas com participação cada vez menor do produto chinês. As mineradoras locais não devem voltar a operar como no passado, abrindo espaço para conquistar mais mercado no país asiático, afirmou.
No futuro, o executivo vê mais aberturas de capacidade, para melhorar a qualidade dos produtos e repor as minas atuais. Mas, com balanços ainda fracos, os investimentos podem ficar restritos e fazerem, na verdade, a produção do minério cair, disse. A taxa atual de exaustão gira em torno de 3% ao ano.
Níquel
Ao contrário dos preços do minério de ferro, que sobem no acumulado de 2016, os metais não ferrosos permanecem estáveis ou sobem pouco no ano. Para Nogueira, a pior perspectiva é para o cobre, cujo mercado internacional deve entrar em déficit apenas em 2020.
O executivo disse que o excesso de oferta deve ser grande a partir do ano que vem, mas com tendência de queda. Em 2020, a expectativa da empresa é que falte cerca de 495 mil toneladas de cobre no mercado internacional. Por enquanto, em 2016, a sobreoferta deve chegar a 10 mil toneladas.
“Os investimentos das grandes produtoras, como a Codelco, já começa a se reduzir, e as minas provavelmente terão a qualidade de seu produto em queda”, disse Nogueira. “A recuperação dos preços deve ser rápida à medida em que o mercado se equilibre, por conta dos estoques mais ou menos estáveis.”
No caso do níquel, o déficit pode chegar já neste ano. A Vale, que é a maior produtora da commodity no mundo, prevê uma falta de 50 mil toneladas já em 2016, após cinco anos com excesso. A projeção é de uma oferta internacional de 1,82 milhão de toneladas no ano, queda de 5% ante 2015.
Mas os preços, acrescenta o executivo, não devem se recuperar rapidamente. Ao contrário do cobre, os estoques — especialmente na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês) — seguem muito altos para o produto, cerca de 25% de toda a demanda global. Portanto, a companhia espera uma recuperação mais gradual da cotação de níquel.
Sobre o negócio de níquel da Vale em Nova Caledônia, o diretor de controladoria e RI explicou que os resultados parecem estar melhorando. Mesmo assim, as perdas giram em torno de US$ 100 milhões por trimestre. O objetivo é encontrar uma “solução definitiva” para o negócio.
Fonte: Valor Economico/Renato Rostás