A Vale deve fechar o quarto trimestre de 2012 no vermelho devido a baixas contábeis em ativos de níquel, alumínio e outros ainda não mencionados pela companhia, que podem somar mais de US$ 4 bilhões, segundo analistas. Na média, os relatórios dos bancos Santander, Itaú BBA, BES, Goldman Sachs, Bradesco e Citi consultados pelo Valor, apontam para um prejuízo de US$ 1,5 bilhão no resultado da mineradora no trimestre. A última vez que a Vale teve prejuízo em um trimestre foi em 2002, quando os resultados ainda não eram consolidados.
Mas o mercado já precificou o resultado negativo da empresa. "Não esperamos que essa perda estimada tenha impacto negativo na ação da Vale", destaca Felipe Reis, do Santander. Se a média da projeção dos analistas se confirmar, a mineradora pode encerrar 2012 com um lucro líquido na faixa de US$ 6,6 bilhões, um recuo de 71% ante US$ 22,9 bilhões obtidos em 2011.
A Vale divulga seu balanço amanhã, dia 27, logo após o fechamento dos mercados. Os números da empresa são aguardados com grande expectativa pelos investidores. O mercado está de olho no resultado da mineradora brasileira depois de tomar conhecimento dos resultados pífios divulgados por suas competidoras internacionais: a anglo-sul- africana Anglo American e as australianas Rio Tinto e BHP Billiton.
A Anglo American fechou 2012 com prejuízo de US$ 1,49 bilhão, o primeiro nos últimos 10 anos, em decorrência de baixa contábil de US$ 4 bilhões no projeto Minas-Rio de minério de ferro no Brasil e em ativos de platina. A Rio Tinto também registrou o primeiro resultado negativo de sua história, de US$ 2,2 bilhões, por conta de uma reavaliação de ativos de US$ 14 bilhões. A BHP Billiton, líder no ranking global da mineração, teve queda de 58% no lucro do primeiro semestre fiscal, encerrado em dezembro. O baixo desempenho levou à substituição dos CEOs dessas três gigantes da mineração.
A projeção de perda para a Vale no trimestre passado se deve principalmente aos "impairments". O BES prevê que a companhia faça uma baixa contábil da sua participação de quase 30% na CSA, cujo valor total do investimento era de US$ 7 bilhões e caiu para algo entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões em decorrência da baixa contábil feita pelo grupo alemão ThyssenKrupp no fim de setembro.
Mas o ambiente de negócios também foi afetado pela volatilidade que dominou os mercados no ano passado. As incertezas da crise global derrubou o preço do minério e forçou as empresas a cortar custos, vender ativos, engavetar projetos, reduzir os planos de investimentos e pagar menos dividendos aos acionistas para garantir o caixa.
O Santander prevê perda trimestral de US$ 892,5 milhões para a Vale; o BES, de US$ 2,6 bilhões; o Goldman Sachs, de US$ 2,1 bilhões; o Itaú BBA, de US$ 946 milhões, e o Bradesco, de US$ 1,2 bilhão. Já o Citi estima um lucro de US$ 2,7 bilhões para a mineradora, excluídos os impairments, o que significaria um ganho de US$ 0,51 por ação. Colocando na conta as baixas contábeis, o resultado passaria para um prejuízo de US$ 1,5 bilhão e uma perda de US$ 0,28 por ação.
A avaliação dos analistas para o balanço trimestral é positiva, apesar do prejuízo. Eles apontam melhora nos resultados operacionais com projeções na média de US$ 4,7 bilhões para o lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização [Ebitda] do período e recomposição da margem operacional devido a maiores volumes de vendas e preços dos principais produtos da mineradora, com destaque para o minério de ferro, que responde por 70% da receita da companhia.
O banco Santander estima volume de vendas no período de 82 milhões de toneladas de minério de ferro no quarto trimestre e um preço médio realizado do minério de US$ 90, ante US$ 83,90 a tonelada no terceiro trimestre. Para o BES, 72 milhões de toneladas de minério, contra 84 milhões de toneladas do Itau BBA. Os bancos preveem receita líquida no trimestre de US$ 11 bilhões, abaixo dos US$ 14,4 bilhões em 2011.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
PUBLICIDADE