Caso a ThyssenKrupp acerte a venda do controle da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), o grupo alemão terá que contar com a anuência do BNDES, credor da siderúrgica, para fechar o negócio, apurou o Valor. A CSA deve R$ 1,4 bilhão ao BNDES, valor que tomou emprestado para construir a usina de aço em Santa Cruz, no município do Rio. O investimento total no complexo siderúrgico, que um terminal portuário e uma unidade termelétrica, foi de US$ US$ 8 bilhões.
A cláusula de anuência, em caso de venda de controle, é padrão em vários tipos de contratos de financiamento tanto para o setor público, quanto privado e consta no contrato entre BNDES e CSA. No caso do futuro controlador, o banco vai analisar o novo sócio e se ele for aprovado pode manter o mesmo contrato ou fazer algumas alterações (para melhor ou para pior) que reflitam melhor a situação, se o futuro controlador for um novo "entrante" (no banco). No limite, o contrato prevê que a dívida pode ser exigível, ou seja, paga antecipadamente pelo novo sócio. Isso vai, certamente, impactar o preço final do negócio, exigindo um desembolso imediato maior do novo dono.
A quitação antecipada da dívida devido à troca de controlador da empresa com financiamento no BNDES já aconteceu com o grupo chinês State Grid, que comprou sete transmissoras de energia da espanhola Plena Transmissora de Energia. A empresa espanhola tinha um empréstimo no BNDES de quase R$ 1,5 bilhão. Neste caso, o banco optou por fazer revisão dos contratos [que pode implicar em mudanças no prazo e nas garantias]. A State Grid não aceitou as mudanças nas condições impostas pela instituição e optou por quitar o débito antecipadamente.
Para analistas de mineração, o contrato de financiamento com o BNDES pode ser mais um complicador para o grupo alemão se desfazer da CSA. Já foi noticiado que o governo brasileiro tem preferência por um sócio nacional para a siderúrgica, que já tem como acionista minoritário da ThyssenKrupp a Vale, com quase 30%. Os analistas temem que haja uma pressão, via BNDES, para barrar "sócios indesejáveis".
No mercado doméstico, até agora, a CSN foi a única a manifestar interesse pela CSA. A Vale, que tem direito de preferência no acordo de acionistas, não está interessada em aumentar sua participação na empresa, mas está de "olho" no futuro sócio. O mercado aposta no interesse de chineses e coreanos pelo negócio, num momento em que o aço está oferecido e seus preços em forte queda.
Na semana passada, a Thyssen deu a partida para se desfazer da subsidiária ThyssenKrupp Steel Americas ao contratar o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, dois bancos internacionais de renome, para atuarem no processo de venda da CSA, no Brasil, e da laminadora do Alabama, nos EUA.
Fonte: Valor Econômico
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