Embora em ritmo lento, a vazante do rio Solimões já começa a mudar o cenário nos Municípios de Careiro da Várzea (a 29 quilômetros de Manaus) e Anamã (a 168 quilômetros da capital). É o que afirmam os moradores desses municípios. Marombas estão sendo desmontadas e, aos poucos, a população está voltando à rotina normal.
De acordo com a funcionária pública Tereza Amorim, na rua José Vidal de Oliveira, em Anamã, a descida das águas permitiu que as marombas construídas em uma casa alugada para a Secretaria de Educação do município fossem retiradas, há uma semana. “A casa é de dois assoalhos e fica localizada em uma das partes mais altas da cidade, por isso, já deu pra retirar as marombas para que as atividades no local voltem à normalidade”, disse.
A moradora contou, ainda, que, na rua Manoel de Siqueira Bastos, duas famílias também já puderam desmontar as marombas nas casas, que estavam alagadas. “Aos poucos, as residências que foram construídas em um nível mais elevado estão podendo ficar sem as marombas. A marca da cota máxima do rio está bem visível nas casas”, relatou.
Anamã foi um dos municípios mais atingidos pela cheia do rio Solimões. Com o território totalmente inundado, a prefeitura decretou estado de calamidade pública e mais de 10 mil moradores foram afetados pela enchente. De acordo com a Defesa Civil do município, 8.702 pessoas enfrentaram a enchente em cima das marombas erguidas nas casas alagadas. Duas mil famílias ainda estão morando, provisoriamente, em barcos alugados pela prefeitura.
Careiro da Várzea
No Município do Careiro da Várzea, os sinais da vazante do rio Solimões também são visíveis, conforme relatos dos moradores. De acordo com a dona de casa Gracinda Veiga, na sede da prefeitura, as águas começaram a escoar. “O nível das águas não estava tão alto, mas já tinham colocado algumas tábuas pra permitir a circulação de pessoas lá dentro . O local não está mais alagado”, relatou.
De acordo com a Defesa Civil do Careiro da Várzea, cerca de 4,5 mil famílias foram atingidas diretamente pela enchente do rio Solimões. O município também decretou estado de calamidade pública e teve 95% de seu território inundado. Dezenas de famílias da comunidade do Marimba estão abrigadas em barracas cedidas pela Defesa Civil do Estado e montadas em cima de balsas.
Ruas começam a ser liberadas, em Manaus
Em Manaus, o nível do rio Negro desceu 4 centímetros no final de semana. A cota registrada, ontem, pelo Serviço Hidrológico do Porto de Manaus foi de 29,81 metros. Mesmo com o ritmo de vazante também lento, a população já percebe algumas mudanças. Na rua Lima Bacuri, no trecho entre a rua Isabel e avenida Lourenço da Silva Braga, que chegou a ser interditada por conta da enchente, os motoristas notam a normalidade do fluxo de veículos.
“Quando estava interditada, era meio complicado trafegar por aqui, porque alguns motoristas se perdiam com os desvios. Mas acredito que, aos poucos, o trânsito ficará menos confuso”, disse o autônomo José Gonçalves, 31. A via foi liberada na última quinta-feira pelo Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização de Trânsito (Manaustrans), após uma avaliação das condições do asfalto.
Outra via liberada foi a avenida Lourenço da Silva Braga, sentido Manaus Moderna/bairro Educandos. “Espero que o rio baixe num ritmo mais acelerado para que outras ruas da área Central da cidade também comecem a ser liberadas, para aliviar o caos no trânsito”, disse a empresária Tatiane Cruz, 29.
Ruas ainda interditadas
Há dez dias as águas do rio Negro estão em ritmo de vazante. Mesmo assim, cerca de dez vias ainda estão interdidatadas pelo Manaustrans. A diretoria de operações do órgão permanece avaliando as ruas para que sejam liberadas, quando possível.
A expectativa para a liberação de outras vias do Centro de Manaus também é grande por parte de usuários do transporte coletivo. Com o terminal de ônibus da praça da Matriz ainda interditado, os usuários permanecem insatisfeitos com o novo local de parada, na avenida 7 de Setembro. “Tem muito motorista de ônibus que não se sensibiliza com essa situação e reclamam quando o usuário se confunde com o ponto de parada”, disse a universitária Ludmila Maués, 22.
As águas das galerias de esgoto que invadiram o terminal central já desceram, mas ainda não há uma previsão para a liberação da área. As condições do asfalto do trecho também será avaliado e deverá passar por reparos antes que a circulação das mais de cem linhas de ônibus e os 260 micro-ônibus do sistema executivo seja retomada, informou o Manaustrans. A área que foi inundada ficou totalmente danificada por conta do peso dos ônibus. Também é possível observar o acúmulo de lodo no asfalto.
Mas as águas ainda estão tomando conta do trecho da rua Marquês de Santa Cruz, em frente ao prédio da Alfândega, e também no trecho da avenida Eduardo Ribeiro, em frente ao prédio do Ministério da Fazenda.
Fonte: Portal A Crítica/CAROLINA SILVA
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