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Ações prioritárias

Rio Grande do Sul coloca o desenvolvimento da indústria oceânica no centro de suas prioridades. Estado oferece vantagens para atrair empresas

A indústria oceânica de petróleo e gás passou a ser prioridade para o desenvolvimento do estado do Rio Grande do Sul. A afirmação é do presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester. A fim de atrair investidores para a região, benefícios como incentivos fiscais e financiamentos estão sendo oferecidos pelo governo. Segundo parque industrial mais diversificado do país — perdendo apenas para o estado de São Paulo — o Rio Grande do Sul traz diversas vantagens que contribuem para que o estado venha a ser um dos líderes da indústria offshore.
“O cenário é bastante positivo, o Rio Grande do Sul tem uma indústria extremamente diversificada, e isso é interessante porque gera possibilidades de fornecer diversos itens na área petroquímica e metalmecânica. Todos esses segmentos têm força na economia gaúcha. Então, a indústria oceânica aparece como um grande catalisador dessa indústria que já tem tradição no estado, aproveitando o grande ciclo econômico do Brasil e mundial”, avalia Coester. Com o desenvolvimento do pré-sal, o executivo vislumbra um período de 20 a 30 anos de investimentos nesta área no país, mas aposta que a indústria de petróleo e gás esteja configurada no Brasil em até três anos. “Não vai ter estaleiros em todos os estados, alguns vão ser líderes no processo, e o momento onde isso vai ser decidido é agora. Muito disso já está definido, como Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul sendo as três principais bases produtivas desse setor”.
O Rio Grande do Sul conta com cinco estaleiros instalados, contratados ou em processo de licenciamento. São os da Quip, Ecovix, EBR, Iesa e Wilson, Sons. Coester lista também outros três empreendimentos, entre estaleiros e canteiros offshore, em avançado processo de negociação. “Em número de empreendimentos, é o segundo polo depois do Rio de Janeiro”, destaca Coester. A malha industrial tradicional do estado é uma condição favorável a este tipo de empreendimento. Atualmente, há um grupo de fabricantes de equipamentos no estado, principalmente na área metalmecânica que já são fornecedores ou que têm potencial para atender à cadeia produtiva do setor offshore.
Outra vantagem competitiva oferecida pelo Rio Grande do Sul é a disponibilidade de área. Do Rio Grande até o interior do estado, diz Coester, são 360 quilômetros de águas navegáveis com calado de cinco metros. “Temos uma série de portos nesta área, 15 estaleiros pequenos que podem trabalhar em parceria com grandes empresas para receber empreendimentos offshore. Existe uma malha semipronta para receber esses empreendimentos”, ressalta. Essa condição geográfica evita ainda a excessiva centralização de empreendimentos.
Justamente por se ter um modelo distribuído, a expressão “polo naval” foi abandonada e substituída por “indústria oceânica de petróleo e gás” do Rio Grande do Sul ou “indústria offshore”. Segundo o executivo, num primeiro momento o governo imaginou que a cidade de Rio Grande se tornaria um grande conglomerado de empresas da área offshore. Mas a geografia do estado permite a distribuição das companhias por cerca de 15 municípios. A intensificação do número de fabricantes de máquinas e equipamentos para os estaleiros é o próximo desafio da AGDI. “Queremos adensar essa parte de mercado e essa indústria não precisa se instalar em Rio Grande e nem deve. Vai ficar distribuída, mais próxima à região serrana, que já é mais desenvolvida no estado, e vai fornecer para os estaleiros ou canteiros que estão ao longo desses 360 quilômetros de hidrovia”, explica o executivo.
Segundo Coester, a mão de obra da região para atender aos novos empreendedores é treinável e tem boa qualidade. “Cidades nos vales do Taquari e do Jacuí, por exemplo, já têm tradição industrial, não em offshore, mas em outras áreas. Em Rio Grande, a situação é um pouco mais delicada, em razão da concentração de empreendimentos. Lá essa questão de treinamento é um pouco mais crítica, mas na hidrovia é muito tranquilo”, conta. Coester destaca ainda que já estão firmados ou anunciados para a indústria offshore no estado R$ 2 bilhões em investimentos. “E não estou falando de prospecções, isso é concreto, com projeto aprovado ou em andamento”, ressalta ele.
Vários projetos offshore estão encomendados no estado. Um deles é a construção de oito cascos FPSO em Rio Grande no estaleiro Rio Grande I, que será expandido. De acordo com o vice-presidente da Ecovix, empresa que administra o estaleiro, Daniel Peres, a companhia está investindo aproximadamente R$ 400 milhões nesta primeira fase do projeto. As obras para os cascos estão aguardando a licença de instalação para serem iniciadas. Para ampliar o estaleiro, a Ecovix quer aumentar o processamento de aço com linha de painel moderna e automatizada para 8,5 mil toneladas por mês. Atualmente, segundo Peres, a capacidade de processamento no ERG1 é de 2,5 mil toneladas por mês.
Já a Quip vem investindo na construção das plataformas P-55, P-58 e P-63. A companhia já iniciou a montagem de estruturas metálicas e a construção de tubulação para os módulos da P-63. Está prevista para o segundo semestre a chegada a Rio Grande do casco que servirá de base para a P-58. Outro projeto previsto para o estado é a implantação do estaleiro Wilson, Sons, que construirá embarcações de apoio offshore em Rio Grande, e de uma unidade da Estaleiros do Brasil, instalada em São José do Norte.
A Iesa também planeja instalar uma fábrica de módulos para plataformas no município de Charqueadas. Para Coester, a instalação da unidade na cidade foi uma opção inteligente da companhia. “O município fica a montante de Porto Alegre. Certamente, vão conseguir trabalhar com essa questão de mão de obra de uma forma muito mais tranquila do que na região próxima de Rio Grande”. Coester explica que a região de Rio Grande tem calado ocêanico alto, de 17 metros, mas com pouca disponibilidade de área. Em outras regiões, continua o executivo, cujo calado é de quatro a cinco metros, há ainda bastante espaço disponível.
Uma das instituições responsáveis para que as empresas comecem a se instalar no estado é o Badesul. A instituição pretende destinar cerca de R$ 500 milhões para financiamento às companhias. Segundo o diretor-presidente do Badesul, Marcelo Lopes, o valor deve estar disponível ainda esse ano. “Tomamos posse em abril e projetamos seis meses para fazer a estruturação legal, mas já temos parceiros identificados. Esperamos que a quantia seja colocada à disposição das empresas em seis meses”, disse.
Badesul é o novo nome da CaixaRS e é responsável pela operação de fundos de investimento e promoção da participação acionária em empresas de setores estratégicos da matriz produtiva do estado. Com o interesse do governo nos investimentos para consolidar a indústria offshore no Rio Grande do Sul, o segmento de petróleo e gás é o foco atual da instituição. Segundo Lopes, o Badesul está em fase de elaboração de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) de óleo e gás e de um FIP (Fundo de Investimento e Participações) para participar do capital das empresas. “O banco seria sócio dessas empresas”, exemplifica. A área de investimento e participações no banco é uma das novidades da marca.
Exigências de governança, acompanhamento da gestão das empresas, instalação de uma unidade no estado e projetos de expansão são algumas das condições para se fazer a parceria com o banco. Para Lopes, o financiamento a empresas do segmento é necessária. “Temos um conjunto de empresas de médio porte que entraram no setor e que precisam de suporte para continuar crescendo. Os investimentos são bilionários e pode ser um grande negócio que decreta o fim da empresa. É preciso avançar tecnologicamente e há uma necessidade de alavancagem financeira”, afirma.
Lopes lembra que o desenvolvimento dessa área no Rio Grande do Sul teve início com a viabilização do dique seco, em Rio Grande. O Estaleiro Rio Grande foi escolhido pela Petrobras para construir a estrutura. O executivo destaca ainda que o Rio Grande do Sul tem tradição em vários segmentos industriais e que já existem empresas de petróleo e gás interessadas em implantar unidades no estado. “Estamos apostando fortemente nesse negócio. É uma diversificação de atividades. Já começamos a receber contatos de empresas interessadas e nos próximos seis meses devemos ter o FIP e o FIDC. A perspectiva é extremamente positiva para o crescimento do setor, principalmente na região metade sul”, estima.
As indústrias que quiserem formar centros de pesquisa na região terão subsídio do governo. A folha de pagamento e os equipamentos serão custeados por um período de dois anos. No entanto, segundo Coester, até então não há projetos concretos de empresas para a área offshore. Na Furg está sendo montado um parque tecnológico com foco na indústria oceânica. “Por questões naturais é onde se deve concentrar o maior número de empresas ou de centros de pesquisa ligados à área oceânica”, acredita.
Dois parques tecnológicos estão instalados em universidades do estado: PUC e Unisinos. Nesta última, estão concentradas cerca de 60 empresas dentro de seus campus, enquanto que na PUC este número chega a 80. Com a preocupação em se estimular o departamento de engenharia de desenvolvimento das empresas na área oceânica, o governo mantém o Fundopem, um instrumento de subsídio à área de pesquisa das empresas. O fundo consiste em financiar parcela de até 75% do ICMS incremental devido mensalmente pelo estabelecimento incentivado. De acordo com a Coester, a indústria oceânica é o setor mais importante da nova economia. “O estado também está trabalhando na área de semicondutores, de medicina avançada, mas nenhum desses setores representa economicamente os investimentos da área de petróleo e gás, que tem um aspecto estratégico central para nós, pelo seu desenvolvimento e pelo momento que se vive”, diz.
Como uma nova visão estratégica de planejamento, a AGDI está desenvolvendo o Plano Diretor da Indústria Oceânica no estado. Ainda em elaboração, o projeto vai contribuir com o processo de licenciamento ambiental e no planejamento dos impactos socioeconômicos de infraestrutura. “É uma abordagem planejada do desenvolvimento desse setor, mas sem perder o foco na dinâmica do mercado que está a pleno vapor nesse momento. “Estamos chamando os municípios para se somarem nesse processo, porque é importante que eles desenvolvam seus parques, que façam seus licenciamentos para ter a estrutura disponível para esses empreendimentos”, conclui Coester.

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