Findo o acordo para a consolidação da petroquímica, o Grupo Odebrecht não perderá tempo. Quer rediscutir o contrato de fornecimento de nafta -o principal insumo da cadeia brasileira do plástico.
O contrato foi revisto em meados de 2009. Mas, agora, com a Petrobras como sócia-fornecedora da Braskem, a Odebrecht acha que poderá finalmente convencer a estatal de que reduzir os preços de nafta para processamento em três das quatro centrais petroquímicas (a central do Rio usa gás natural) pode turbinar a competitividade internacional. Outro argumento é redistribuir os ganhos gerados pela agregação de valor com a conversão de um insumo em matéria-prima de alto preço no mercado local.
A Odebrecht acha que a atual fórmula de preços internacionais para a compra de nafta abocanha boa parte dos ganhos que a Braskem consegue gerar ao transformar insumo em matéria-prima vendida à indústria de transformação.
Hoje, o custo da nafta chega a US$ 680 a tonelada. No pico do valor do barril do petróleo (a nafta é um derivado, como a gasolina e o óleo diesel), a tonelada do insumo do qual se extraem matérias-primas petroquímicas como o eteno e o propeno chegou a US$ 1.000.
O mesmo problema é visto hoje no gás natural, cuja oferta e preços comprometem a expansão da indústria petroquímica. O pré-sal pode mudar essa situação, mas até agora ninguém sabe exatamente como.
O grupo Odebrecht sustenta que uma política diferenciada de preços para oferta de insumos à cadeia petroquímica poderia ser repassada ao consumidor final, gerando competitividade em todos os elos. Entretanto, esse é um movimento que teria de ser monitorado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que tem mandato para a defesa da concorrência.
A Odebrecht mostra gráficos a partir dos quais ressalta como o acesso a matéria-prima barata transforma grandes companhias do Oriente Médio em gigantes fornecedores e consolidadores da indústria petroquímica mundial.
Mesmo que não atinja a proporção de preços aos quais as companhias sauditas conseguem matéria-prima, como o gás natural, o Grupo Odebrecht tentará usar a grande aproximação que a Petrobras terá na nova empresa para convencer a estatal a reduzir preços no suprimento de insumos a fim de abocanhar parte do ganho que julga estar agora na Petrobras fornecedora. (AGNALDO BRITO)(Fonte: Folha de S.Paulo))
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