No balanço de 100 dias de governo, presidente disse que Petrobras apoiará pesquisa de combustíveis renováveis e sinalizou que companhia contribuirá com obras e geração de empregos na indústria nacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a Petrobras apoiará a pesquisa de novos combustíveis renováveis e sinalizou que a companhia vai ajudar a fomentar a construção naval por meio da ampliação da frota da Transpetro, permitindo a geração de empregos em estaleiros nacionais. Ele não explicou, no entanto, se será lançado um programa nos moldes do Promef, que permitiu a construção de petroleiros e gaseiros durante os governos petistas anteriores. A declaração foi dada durante evento sobre o balanço de 100 dias de mandato, nesta segunda-feira (10), em Brasília.
“A Petrobras financiará pesquisa para novos combustíveis renováveis. Ao mesmo tempo, retomará o papel protagonista nos investimentos, ampliando a frota de navios da Transpetro e gerando emprego em nossos estaleiros", afirmou Lula, direcionando a fala ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que estava presente ao evento, com a presença dos demais ministros de governo.
Na ocasião, Lula prometeu que o país não perderá a oportunidade de se tornar uma ‘potência global’ de hidrogênio verde. O presidente disse que nunca considerou a Petrobras uma empresa exclusivamente de petróleo, e sim uma empresa de energia. Ele mencionou que durante seus governos anteriores os investimentos da companhia em pesquisa e e inovação cresceram de R$ 3 bilhões para R$ 30 bilhões.
A construção naval brasileira convive com uma desmobilização há quase 10 anos, com escassez de projetos e perda de empregos. O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) estima que o setor tenha perdido mais de 60.000 postos de trabalho, a partir da crise iniciada entre o final de 2014 e início de 2015. Dados do sindicato apontam que o crescimento da indústria naval no Brasil resultou na construção de 605 embarcações até 2016 e na criação de mais de 80.000 empregos diretos e 400.000 indiretos, além da qualificação da mão de obra da cadeia produtiva de petróleo e gás e do desenvolvimento da economia dos municípios, onde os estaleiros estão localizados.
Já em dezembro passado, numa reunião com membros do grupo de transição (GT) de governo, representantes da construção naval ouviram que Lula tinha interesse em discutir alternativas para retomar a indústria naval no Brasil. Ele confirmou esse posicionamento em eventos já durante seu atual mandato. Os estaleiros também foram tranquilizados de que a transição havia conseguido adiar para este ano a definição de dois temas relevantes para a construção naval e para a navegação mercante: as discussões sobre a venda de navios da frota da Transpetro, construídos durante o Prorefam com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), e sobre a regulamentação do BR do Mar (Lei 14.301/2022). O ministro de portos e aeroportos, Márcio França (PSB), também já sinalizou, em alguns eventos e em entrevistas, que o governo pretende revisitar algumas regras do programa de cabotagem que impactam a indústria nacional.
No encontro do GT no ano passado, também foi discutida a necessidade de políticas que ampliem os índices de conteúdo local, além de projetos de eólicas offshore. Os participantes relataram à época que o governo apostará em incentivar projetos de geração de energia no mar e que os estaleiros precisarão estar preparados caso esse segmento se desenvolva dentro, ou até antes, de cinco anos. Os construtores sugeriram que a construção de novos barcos de apoio poderia ser a melhor opção para reativar e abrir caminho para outras oportunidades para a indústria, inclusive a volta de encomendas para navios mercantes na sequência.
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