Grupo Bravante, ex-Brasbunker, pretende concentrar foco no nicho subaquático, segmento carente no país
A Bravante, novo nome do Grupo Brasbunker, pretende dar maior atenção ao segmento subsea, no qual avalia residirem boas perspectivas de negócios, pois se trata de uma área em que o Brasil é bastante carente. Entre os serviços de engenharia submarina prestados pela Bravante estão consultoria em operações submarinas; venda, manutenção, aluguel e assistência técnica em equipamentos submarinos; e limpeza e inspeção de cascos de FPSOs e plataformas semissubmersíveis.Atenção com o ‘subsea’
- Alyne
- Indústria naval
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Com uma infraestrutura de cerca de dois mil metros quadrados, a base operacional da empresa para esta área está instalada no município de Macaé, no Rio de Janeiro, e conta com oficinas mecânicas, elétricas e hidráulicas e equipamentos de ponta para dar suporte às operações submarinas. Neste segmento, a Bravante venceu uma licitação da Petrobras em fevereiro deste ano para fornecimento de equipamentos e equipe especializada para operar e gerenciar 24 sistemas de ROVs (veículos submarinos operados remotamente), que serão instalados em embarcações do tipo sondas de perfuração e completação afretadas pela Petrobras para atuarem no mercado offshore brasileiro. O início das operações está previsto para o próximo ano.
Os equipamentos são desenvolvidos pela Schilling Robotics, empresa especializada em equipamentos submarinos localizada nos Estados Unidos. A RRC Robótica está fechando um acordo com a fabricante norte-americana para que os ROVs a serem entregues a partir de 2014 já sejam montados no Brasil.
O ingresso da empresa no mercado de operações submarinas offshore no Brasil e no exterior se deu no ano passado através da aquisição de parte das ações da RRC Robótica Submarina, tornando-se sócia majoritária. A empresa prevê um faturamento na ordem de R$ 50 milhões anuais a partir do próximo ano.
A atividade de apoio marítimo da empresa também receberá parte dos investimentos do grupo, que até 2015 pretende injetar aproximadamente R$ 2 bilhões em todas as áreas de negócio. Neste segmento offshore, a Bravante presta diversos serviços, dentre os quais estão transporte de bunker; aluguel de equipamentos de recolhimento e de barcos dedicados à plataformas; disponibilização e utilização de cercos preventivos em casos de suspeita de vazamento.
A Bravante conta hoje com 18 priorizações no Fundo da Marinha Mercante, das quais 13 embarcações já têm contratos com a Petrobras. A companhia aguarda novas licitações para construir as outras cinco. Das 13 contratadas, são quatro PSVs 4500, seis barcos recolhedores de óleo e três navios de bunker. Segundo o sócio-diretor executivo da Bravante, Renato Nascimento, um dos barcos recolhedores de óleo foi entregue à estatal no último mês de julho e o segundo tem a entrega prevista para este mês de novembro. “O primeiro navio foi entregue dentro do prazo e do custo orçado e foi conceituado pela Petrobras talvez como o mais moderno barco do Brasil nesse tipo de atuação. Temos agora o segundo que será entregue entre os dias 20 e 25 de novembro e todos os barcos vão ser entregues até o final de 2015”, afirma ele.
As 13 embarcações estão sendo construídas no estaleiro São Miguel, que ocupa hoje uma área de 20 mil metros quadrados no porto Gradim, no município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Recentemente, o estaleiro foi remodelado para atender às novas demandas do mercado para construções, reparos e modernização de embarcações de apoio marítimo e offshore. Atualmente, o São Miguel conta com dois diques secos e estrutura capaz de entregar até seis embarcações do porte de um PSV 4500 por ano.
Para Nascimento, a unidade hoje está adequada ao plano de crescimento da área offshore. No entanto, o executivo não descarta uma possível ampliação do estaleiro nos próximos anos para atender mais fortemente ao reparo naval. “Pretendemos crescer e focar na manutenção, porque os estaleiros hoje estão muito dedicados à construção e já existe um grande problema com deficiência de reparo naval. Temos essa preocupação de buscar uma solução para o reparo naval não só da nossa frota, como de toda essa frota crescente que está vindo para o Brasil”, diz Nascimento, destacando que hoje o estaleiro está 90% focado em construção e 10% em reparo.
Outros cinco navios PSVs 4500 da empresa estão sendo construídos nos Estados Unidos, no estaleiro Eastern Shipyard, em Panamá City, na Flórida. As embarcações, explica Nascimento, devem operar no Brasil ou no Golfo do México. “O primeiro vai ser entregue em abril de 2013 e a cada três ou quatro meses vamos ter uma entrega de um barco. Até o final de 2014 ou início de 2015 vamos estar com essas cinco embarcações prontas para operar”, estima o executivo.
A mudança do nome do grupo, anunciada no último mês de setembro, teve como motivação a valorização da origem 100% nacional do grupo e o fortalecimento da sua história de mais de 50 anos no Brasil. A entrada em novos negócios também contribuiu para a mudança. Com foco na década de 60 no fornecimento de bunker, o grupo englobou ao longo dos anos em suas áreas de atuação as atividades de apoio marítimo e portuário, engenharia submarina, construção e reparo naval e proteção ambiental.
“Como hoje temos cinco atividades distintas e a maior atividade é o offshore, decidimos colocar uma marca nova, mantendo o som muito parecido com a antiga e que tivesse essa conotação de um grupo que olha sempre para frente, com as palavras avante, Brasil. Daí veio a ideia do Bravante”, diz o sócio-diretor executivo da Bravante, Renato Nascimento, ressaltando que o estaleiro São Miguel e a HidroClean mantiveram seus nomes. A antiga Brasbunker, que surgiu com a Navegação São Miguel, é a mais antiga empresa de navegação contratada pela Petrobras. Os nomes do estaleiro São Miguel e da HidroClean, especializada na área ambiental e também uma marca pioneira, foram mantidos.
Os negócios da empresa começaram em 1962 com a abertura dos primeiros postos de combustível no Rio de Janeiro, tornando-se a primeira revendedora de gasolina e óleo diesel da Petrobras. A estatal propôs a empresa que assumissem também o transporte de combustível para embarcações, momento no qual foi adquirida a Navegação São Miguel. No final da década de 70, foi inaugurado o estaleiro São Miguel. Em 2000, nasceu a HidroClean marcando a entrada da empresa no negócio de proteção ambiental. Em 2010, o BTG Pactual adquiriu participação acionária minoritária. Como resultado foram feitos diversos investimentos nas empresas do grupo, fortalecendo seu projeto de expansão e crescimento. Um deles foi a aquisição no ano passado da empresa de robótica RRC, possibilitando a entrada da Brasbunker no mercado de engenharia submarina.
As empresas do grupo Bravante operam juntas mais de 50 embarcações próprias e de terceiros, incluindo LHs, PSVs, AHTSs, navios-tanque, balsas, rebocadores e lanchas de apoio. A capacidade própria de porte bruto da frota é de mais de 25 mil toneladas, das quais cerca de 70% são embarcações autopropulsadas. Na atividade de apoio portuário, são mais de nove mil operações de carregamento e fornecimento de combustíveis a navios por ano. A empresa mantém bases operacionais nos portos do Rio de Janeiro, Santos e Vitória, além de escritórios em Macaé, no Rio de Janeiro, e Aracaju, em Sergipe.