O norueguês Lennart Nordby, 48 anos, passou a morar, a partir deste ano, parte do tempo no seu pais e parte no Brasil. A cada vinda para o hemisfério Sul, Nordby desembarca no Rio de Janeiro, mas nem chega perto do Pão de Açúcar ou do Corcovado. Sai do aeroporto e viaja de micro-ônibus até Macaé, no Norte Fluminense, onde embarca em um navio no qual fica por seis semanas consecutivas até voltar para casa. Lá permanece com a família por igual período. Quando está a trabalho a bordo do "Siem Supplier", um PSV (iniciais em inglês de Plataform Supply Vessel), Nordby transporta suprimentos, como água potável e óleo diesel, para as plataformas que operam na bacia de Campos.
Ele comanda uma tripulação de 15 homens, 10 brasileiros e 5 noruegueses. Antes de trabalhar no Brasil, Nordby serviu embarcado na própria Noruega, Reino Unido, Dinamarca e Irlanda. É a primeira experiência dele no mercado brasileiro, onde chegou com visto para trabalhar como capitão de navio offshore. Ao analisar as diferenças entre os países onde atuou, diz que ficou "surpreso que tão poucos brasileiros falem inglês, não só a bordo do navio, mas também na base de apoio, em terra". Alguns oficiais mercantes brasileiros, que servem com Nordby e falam inglês, ajudam na tradução com o restante da tripulação.
Na semana passada, Nordby embarcou rumo a Oslo e foi substituído por outro capitão norueguês no comando do "Siem Supplier", navio de bandeira norueguesa que pertence à empresa Siem Offshore, sócia da brasileira Siem Consub, que tem dez embarcações offshore operando no apoio às plataformas de petróleo. Nos 42 dias trabalhados no Brasil, o mestre-navegador Nordby faz cerca de 30 viagens entre a base em terra, em Macaé, e as plataformas em alto-mar.
Celso Costa, diretor da Siem Consub, diz que, de acordo com o direito marítimo internacional, é preciso cumprir certos requisitos da bandeira de origem do navio, entre eles o de que alguns postos-chave, como capitão, chefe de máquinas e imediato, sejam ocupados por tripulantes da mesma nacionalidade da embarcação. Costa acrescenta que o contingente de tripulação brasileira aumenta à medida que o navio estrangeiro permanece no país.
O agente de viagens André Studart Pereira, cuja empresa é especializada em atender empresas estrangeiras de navegação marítima offshore, diz que há técnicos, engenheiros de máquinas, operadores de robôs e soldadores não só da Noruega, mas britânicos e filipinos que cada vez mais chegam ao Brasil para trabalhar. "É muito gringo se registrando e o número vai crescer ainda mais", diz.
Fonte: Valor Econômico/ Francisco Góes, do Rio
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