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Apesar de as primeiras sondas começarem a ser feitas no exterior, Sete Brasil garante cumprimento de índice nacional

Com 28 sondas contratadas e que serão afretadas à Petrobras, a Sete Brasil tem acompanhado de perto o andamento das obras dessas unidades. Os estaleiros Atlântico Sul (PE), Enseada do Paraguaçu (BA), Rio Grande (RS), Jurong (ES) e Brasfels (RJ) serão os responsáveis pela entrega das plataformas. Estes dois últimos estão com as obras mais adiantadas. Para evitar risco e não atrasar o cronograma, as partes mais complexas das primeiras sondas começaram a ser feitas no exterior. Mas de acordo com o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, o conteúdo local das sondas está garantido. — A Sete Brasil foi criada para isso, construir os equipamentos cumprindo as exigências de conteúdo local da ANP. O corte de chapa, o moon pool (abertura no casco para as operações de perfuração), o drill floor (estrutura que sustenta a torre da sonda) e os nós estruturais serão feitos no exterior. Guinchos, guindastes, bombas e geradores serão parcialmente feitos lá fora. Os módulos de acomodação para a tripulação serão feitos no Brasil —, detalha o executivo.
As duas primeiras unidades devem atender a um índice global de conteúdo local de 55%. O patamar sobe para 60% na terceira e na quarta, e a sexta e/ou sétima terão que atingir o índice de 65%. Segundo Ferraz, até então 34% da primeira sonda do Jurong está pronta e mais de 29% do equipamento em fabricação no Brasfels, em Angra dos Reis, está concluído. O executivo considera que os desafios para que as sondas sejam construídas e entregues no prazo já estão sendo vencidos. “A construção de equipamentos de exploração em águas ultraprofundas é um projeto pioneiro no Brasil e demanda uma curva de aprendizado e capacitação de pessoal. A mão de obra é hoje um dos principais desafios neste projeto e a associação entre estaleiros brasileiros e internacionais certamente diminui muito o risco tecnológico de fabricação das unidades”, diz.
A entrega da primeira sonda, que provavelmente deve sair do Jurong, está prevista para junho de 2015. O casco do navio-sonda Arpoador, com projeto Jurong Espadon, foi lançado ao mar no último dia 17 de julho, em Cingapura, onde está sendo montada a estrutura da embarcação, composta por seu casco e alguns equipamentos. Em janeiro, a sonda chega ao Brasil, no estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo, para que seja concluída a montagem.
Com alojamento para uma tripulação de até 180 pessoas, a embarcação conta com ampla capacidade de carga e espaço útil, avançados equipamentos de perfuração e um amplo moon pool central. Devido às grandes profundidades do mar onde essa sonda irá operar, ela não poderá ser ancorada, exigindo que durante as operações de perfuração de poços a sua posição seja mantida por meio de um sistema de posicionamento dinâmico com alta redundância (DP-3). Além disso, serão utilizados seis geradores de energia elétrica e seis propulsores azimutais, atendendo às condições metereológicas e oceanográficas das bacias de Santos e Campos. O navio-sonda será capaz de operar a dez mil pés de profundidade, equivalente a 3.048 metros, e perfurar poços de até 40 mil pés de comprimento, que equivalem a 12,2 quilômetros.
Para Ferraz, o lançamento do casco do navio-sonda Arpoador ao mar é um marco para a história não só da Sete Brasil, mas para a exploração do pré-sal no país. “Isso aumenta a segurança de que nossos desafios estão sendo superados com êxito, mitigando riscos para o setor e nossos acionistas e atendendo às demandas da Petrobras. A conclusão dessa fase da construção no Jurong Cingapura com absoluto êxito garante que, através da continuidade do processo de transferência de tecnologia de construção naval avançada para os estaleiros locais, em breve estaremos testemunhando o lançamento de outros cascos de sondas de alta tecnologia nos mares brasileiros”, comemora o executivo. O segundo navio-sonda deverá estar pronto em março de 2016 e o terceiro em junho do mesmo ano. A 28ª sonda da Sete Brasil está prevista para ser entregue à Petrobras em 2020.
Para valorizar a indústria brasileira e aproveitar as possibilidades do pré-sal, a Petrobras determinou que parte das sondas utilizadas na exploração dos novos poços fosse construída no Brasil. Para passar segurança aos investidores quanto à construção das sondas de perfuração no país, a companhia fomentou a criação da Sete Brasil, na qual a Petrobras conta com 10% de participação. Também são investidores da empresa os fundos de pensão Petros, Previ, Funcef e Valia, além dos bancos Santander, Bradesco e o BTG Pactual. Posteriormente entraram como acionistas as empresas de investimento EIG Global Energy Partners, a Lakeshore e a Luce Venture Capital e o fundo FI-FGTS.   
Em junho de 2011, foram contratadas as primeiras sete sondas, que serão construídas no Estaleiro Atlântico Sul (EAS). A Sete Brasil e a Petrobras fecharam o pacote dos outros 21 navios, que será afretado por um período de 15 anos, em agosto do ano passado. Os prazos dos contratos das primeiras sete sondas variam entre 10 e 20 anos.
Empresa de investimentos especializada em gestão de portfólio de ativos voltado para o setor de petróleo e gás na área offshore no Brasil, especialmente relacionados ao pré-sal, a Sete Brasil não é operadora de ativo. O negócio da companhia envolve uma sociedade entre ela, através da expertise de gestão de portfólio e de mitigação de riscos, e um sócio, que vai operar o ativo. “Nós sempre somos sócios de algum operador e essa sociedade contrata junto ao estaleiro a construção de uma sonda, que vai ser de propriedade dessa parceria”, explica o presidente da Sete Brasil.
No EAS, em Pernambuco, serão construídas as sete sondas do primeiro lote licitado pela Petrobras. Nas duas primeiras, a estatal atuará como sócia e operadora. Nas outras cinco, ela continuará como sócia, mas tem o direito de vender sua participação para um operador de mercado. Para a operação das outras 21 sondas, a companhia se associou a seis parceiros: Etesco, Odebrecht Óleo e Gás, Odfjell, Petroserv, Queiroz Galvão Óleo e Gás e Seadrill.
O estaleiro Keppel será responsável pela construção de seis sondas. A Sete Brasil tem parceria em três delas com a Queiroz Galvão, em duas delas com a Petroserv e em uma com a Odebrecht. O Enseada do Paraguaçu, que está sendo construído na Bahia, fará seis sondas. Os operadores de quatro delas serão a Odebrecht e as outras duas serão operadas pela Etesco. Já o estaleiro Rio Grande será responsável pela construção de três sondas. Neste caso, a parceria da Sete Brasil é com a Etesco. A Odfjell e a Seadrill serão as responsáveis pela operação das sondas que serão construídas no estaleiro Jurong, no Espírito Santo, e ficarão com a operação de três e quatro sondas, respectivamente.
A Sete Brasil chegou a negociar com a OSX duas sondas adicionais, mas o contrato não vingou. Um dos dois equipamentos negociados com a empresa de Eike Batista foi fechado com o Jurong. A segunda ainda não foi contratada. Com isso, a empresa totaliza 29 equipamentos em seu portfólio. Uma sonda será destinada ao mercado spot.
São os próprios estaleiros que selecionam os projetos de construção das sondas. No EAS, por exemplo, será utilizado o projeto da norueguesa LMG Marin. Já o Brasfels e o Jurong utilizarão tecnologia própria. A Gusto será responsável pelo fornecimento do projeto para o Enseada do Paraguaçu e Rio Grande. Segundo Ferraz, apesar de os estaleiros utilizarem projetos diferentes, todos têm especificações muito semelhantes. “Todos esses projetos são totalmente testados e aceitos pela indústria internacional e atenderão a todas as especificações funcionais exigidas pela Petrobras para operação no pré-sal”, diz o executivo, acrescentando que todos os projetos seguem especificações funcionais que foram definidas pela indústria e principais operadoras de petróleo após o acidente de Macondo, no Golfo do México. “Em termos de segurança das operações de perfuração de poços, por exemplo, os equipamentos e sistemas dessas sondas têm especificações chamadas 'Pós-Macondo'”.
Quando o projeto se iniciou, o valor total previsto para a construção das 28 sondas era de US$ 28 bilhões. O Capex total do projeto é dividido em duas moedas — dólar e real —, mas a Sete Brasil utiliza para referência apenas o valor em dólares e converte a parcela em reais. Para a taxa de câmbio atual, o investimento é de US$ 25 bilhões. Desse montante, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá financiar até 50%. A Sete Brasil já tem a carta de enquadramento para as 21 primeiras sondas.
“Com a carta de intenção emitida se inicia a fase de negociação dos contratos de financiamento, o que esperamos concluir ainda este ano. Estamos trabalhando no financiamento das demais, porém, como a construção dessas sondas só será iniciada em 2015 ou 2016, ainda temos muito tempo para a conclusão das negociações”, conclui Ferraz. O restante do financiamento deve vir através de agências internacionais, outras instituições financeiras e de equity dos próprios sócios da Sete Brasil e dos operadores das sondas.  n



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