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Crise? Ela ainda não chegou à Petrobras

Na sala mais movimentada do 23º andar do edifício sede da Petrobras no Rio, Almir Barbassa, diretor financeiro da companhia, acabara de se despedir de um séquito de executivos de duas companhias de petróleo canadenses - Cenovus Energy e GranTierra - quando recebeu a reportagem do Valor, na semana passada. Um pouco antes, ele havia recebido um e-mail de um executivo de um fundo de investimentos que encontrou nos Estados Unidos havia duas semanas querendo avaliar oportunidades no país.

Responsável por um caixa que estava próximo de R$ 35 bilhões no fim de junho - de uma empresa cuja receita anual de vendas é maior que o Produto Interno Bruto de muitos países -, Barbassa está em uma posição privilegiada para medir interesse de investidores não só na Petrobras, mas no Brasil.

Talvez por isso Barbassa possa se dar ao luxo de dizer, na contramão do que alardeiam as manchetes dos jornais, que simplesmente não vê sinais de crise. Não é só o fato de ela atingir com mais força os mercados "centrais", diz, mas também por que a Petrobras tem um escudo: seu produto é cada vez mais escasso no mundo.

A turbulência renovada nos mercados mundiais acontece num momento em que a Petrobras começa a colocar de pé um ambicioso plano para investir US$ 224 bilhões até 2015 - os alicerces para que a companhia possa dobrar sua produção até 2020, fazendo em sete anos o que demorou 53 anos, desde sua criação, para produzir.

Para a enorme cadeia de fornecedores que gravita em torno das encomendas da Petrobras, a tranquilidade do "dono" do caixa é uma boa notícia.

"O que está previsto está contratado. Se os fornecedores trabalham para a Petrobras, e ela não reduziu investimentos, não vejo como a crise possa ter algum efeito", diz Barbassa, quando questionado sobre os efeitos de um eventual redução da liquidez dos mercados.

Nos primeiros seis meses do ano, a companhia investiu R$ 32 bilhões. Faltam R$ 52,7 bilhões para completar o orçamento de investimentos de 2011.

Se por um lado esse freio de gastos é visto com satisfação pelos investidores e analistas, ele pode resultar em atraso na produção de petróleo, de onde vem o dinheiro. Há quem aposte também que a crise possa prejudicar os planos de vender ativos e desmobilizar capital de modo a engordar o caixa com quase US$ 14 bilhões nos próximos dois anos. Com a calma que é sua marca registrada, Barbassa não vê tanta dificuldade.

"A crise deve ser resolvida em quanto tempo? Dois, quatro anos? Vamos começar a produzir o [petróleo] com os investimentos feitos hoje daqui há cinco anos. Então, está além desse horizonte", diz. "Nosso horizonte é de longo prazo. Às vezes se pode pensar que vou ter problema de fazer uma ponte nessa crise de agora. Mas o meu fornecedor está doido para vir para o Brasil e ver a demanda da Petrobras. Todos, aliás, estão vindo e construindo fábricas. Até turbinas tem quem queira [fabricar]."

"O problema é que quando troveja lá fora as pessoas aqui dentro vestem agasalho. O tempo nos Estados Unidos, Europa e Japão está feio, embora aqui no Brasil, China e Índia o sol continue brilhando. Mas aí eles [investidores] começam a puxar o freio. Acham que não devem ficar tão entusiasmados pelo Brasil porque o país é exportador de matérias-primas. Começam a achar que a China pode sofrer um baque por causa da economia dos Estados Unidos, e [veem] o Brasil [como] um derivativo da China", analisa.

A companhia, que acaba de anunciar um lucro líquido de R$ 10,9 bilhões no segundo trimestre, surpreendeu com um plano estratégico que agradou a maioria dos analistas de bancos. Foi um pequeno alívio num momento em que ela tenta lidar com o atraso das sondas para perfuração de novos poços no pré-sal, fundamentais para aumentar a produção, que no primeiro semestre ficou abaixo do esperado, por causa da paralisação de plataformas.

A média do semestre ficou em 2,040 milhões de barris por dia, enquanto a meta do ano é de chegar a uma média de 2,1 milhões de barris por dia.

Não é só. A estatal também enfrenta uma escalada de custos que tem deixado de mau humor analistas experientes que acompanham a empresa.

Em relatório recente, Emerson Leite, do Credit Suisse, chamou a atenção para aumentos de 21% nos custos de refino, de 15% nos custos de extração (antes dos tributos e encargos), de 9% nos custos administrativos e de 5% nas despesas gerais.

No BTG Pactual, o analista Gustavo Gattass vê como negativo esse aumento de custos, mas acha que eles não "mancham" os resultados em si, ressaltando como positivo a companhia ter reduzido em 9% os investimentos nas áreas de refino e corporativa.

Para Barbassa, são dores do crescimento. Ele lembra que a companhia ficou anos sem contratar e tem um grande programa de treinamento de novos funcionários, que frequentam a Universidade Petrobras.

"O que aconteceu muito nesse semestre foram paradas [de plataformas] por interdição, o que gera uma antecipação das paradas programadas para revisão. Enquanto isso, o custo está correndo. E o custo médio sobe", afirma. "Também não entregamos a meta de produção, que não cresceu como se esperava. Isso contribui. Tem o custo da parada e a redução da produção. Mas agora as plataformas retornaram, ou estão retornando, e se espera que o custo baixe daqui para frente."

Gattass, do BTG Pactual, acredita que a Petrobras se destaca por seu potencial de crescimento no longo prazo, sua exposição ao preço do petróleo e as evidências cada vez maiores da rentabilidade dos campos do pré-sal. É uma leitura que agrada o diretor financeiro, que mostra a evolução da produção nos últimos 30 anos, uma média de 10% ao ano.

"Agora estamos entrando no pré-sal, que vai ser uma alavanca de crescimento muito rápida. A produtividade que estamos vendo ali é um negócio excepcional. E os campos são gigantes. E ainda acham que isso é propaganda nossa. Mas é realidade."

Fonte: Valor






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