Uma enorme plataforma de perfuração chegou quinta-feira às águas quentes do golfo ao norte de Havana, onde abrirá um poço exploratório profundo no mar, inaugurando o sonho cubano de enriquecimento com seu petróleo.
A plataforma Scarabeo-9 era visível do paredão de contenção do mar, em Havana, distante, no horizonte enevoado, avançando para oeste em direção a seu sítio de perfuração final, cerca de 50 km ao norte de Havana e 90 km ao sul de Key West (Flórida). A petrolífera espanhola Repsol RPF, que alugou a plataforma da Siapem, subsidiária da Eni, por cerca de meio milhão de dólares por dia, disse que espera iniciar a perfuração dentro de alguns dias para saber se as reservas são tão ricas como previsto.
"Os geólogos fizeram seu trabalho. Se o fizeram bem, então teremos uma boa chance de sucesso", disse Kristian Rix, porta-voz da Repsol. "Foi um longo processo, mas agora estamos no ponto em que descobriremos se nossos geólogos acertaram. É um dia feliz".
Ao sonhar com o petróleo em sua costa, os cubanos despertaram controvérsia nos EUA, criando mais uma causa para atritos entre as autoridades americanas e o país caribenho. A proximidade da plataforma também despertou temores de que um enorme vazamento como o desastre ocorrido em 2010 na plataforma Macondo-Deepwater Horizon poderia poluir não apenas os recifes cubanos e suas reluzente praias de areia branca, mas também o litoral da Flórida e, potencialmente, a costa atlântica até a Carolina do Norte.
Embora inspetores americanos tenham aprovado os sistemas de segurança da Scarabeo-9, os próprios cubanos teriam dificuldades para conter um vazamento de grandes proporções, e obter ajuda não é tão simples como dar um telefonema para Washington.
Nos termos do embargo dos EUA, qualquer contratação de empresas, pessoal e equipamentos americanos por Cuba deve ser aprovada pelo governo americano. Mas, até agora, foram emitidos poucos desses certificados.
"De todos os recursos que foram necessários para deter o vazamento no poço de Macondo, menos de 5% deles foram licenciadas pelo governo dos EUA", disse Lee Hunt, da Associação Internacional de Empreiteiros de Perfuração.
Estudos estimam que Cuba pode ter entre 5 milhões e 9 milhões de barris de petróleo no mar, embora a escala das reservas ainda não tenha sido quantificada, e serão necessários anos até a introdução de um regime de produção.
Fonte: Valor Econômico/Pedro Orsi | Associated Press, de Havana
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