Recém-empossado, o ministro dos Transportes, Valter Casimiro Lins, visitou o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), junto com o governador Paulo Câmara, nesta segunda-feira (23). Ele veio conhecer o Castro Alves - primeiro navio do tipo Aframax conhecido no Brasil -, mas também acabou recebendo pedidos de apoio do empreendimento pernambucano.
O presidente do EAS aproveitou a visita do ministro para lançar o Manifesto pelo Salvamento da Indústria Naval Brasileira, que pede obrigatoriedade de conteúdo local nos próximos navios da Petrobras e concessão de crédito via Fundo de Marinha Mercante. "Para que essa indústria permaneça, algumas medidas precisam ser tomadas", explicou Harro Burmann, presidente do EAS.
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Burmann explicou que, apesar de ter registrado os melhores níveis de produtividade da sua história neste navio, o estaleiro só tem encomendas até a metade do ano que vem. Por isso, pediu apoio do ministro da aprovação de medidas que possam garantir a sobrevivência do EAS, como a exigência de conteúdo local nas próximas encomendas da Petrobras. "A indústria naval precisa sobreviver, porque gera 190 mil empregos e R$ 5,2 bilhões de massa salarial por ano no País. Só o EAS tem uma receita anual de R$ 1 bilhão, gera 18 mil empregos, sendo 3,6 mil em folha, e uma massa salarial anual de R$ 500 milhões", defendeu Harro.
O ministro dos Transportes, Valter Casimiro, se comprometeu a levar os pleitos do EAS ao Governo Federal e ao BNDES. Ele prometeu, inclusive, incluir esta pauta na reunião que já tem marcada com o Banco do Desenvolvimento Social nesta semana. "Aqui fica o compromisso de capitanear as discussões no Governo Federal no sentido de garantir a manutenção da indústria naval brasileira", anunciou
Paulo Câmara também garantiu que vai retomar as negociações, iniciadas no ano passado, com o BNDES no sentido de liberar os recursos que podem viabilizar a construção de novas embarcações no EAS - dois navios da Satco que foram encomendados há mais de um ano.
Segundo Burmann, caso o empreendimento não consiga novas encomendas, a única solução é começar, já a partir do fim deste ano, a demitir grande parte dos atuais 3,6 mil trabalhadores. “A expectativa é que os presentes se sensibilizem com o que vão ver aqui e nos ajudem a aprovar as medidas que nos dão a garantia necessária para destravar projetos”, afirmou.
Em entrevista recente à Folha de Pernambuco, o presidente afirmou que não tem intenção de perder a mão de obra, que é qualificada e foi treinada por dez anos, mas que diante da ausência de novos contratos, é o que terminará ocorrendo. No entanto, ele tem buscado alternativas. “Estamos estudando algum mecanismo para garantir que esse pessoal continue empregado de alguma maneira”, afirmou Burmann.
Na ocasião, ele propôs como solução para o problema a suspensão temporária do contrato de trabalho, como o que foi implementado na indústria automotiva na crise de 2008. “O Governo não cobrou impostos e pagou parte dos salários para manter o pessoal empregado no período em que não havia demanda”, lembrou o presidente do EAS, dizendo que a proposta já foi previamente apresentada a membros do Ministério do Trabalho.
Fonte: Folha de Pernambuco