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Em 2 anos e meio, terminal opera 5 meses

Pouco antes de voltar a funcionar, tanques públicos de etanol em Paranaguá apresentam pequenos vazamentos e são novamente embargados
Dez meses depois do vazamento que levou à sua interdição e exigiu obras de segurança, o Terminal de Álcool do Porto de Paranaguá foi novamente embargado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). O motivo da nova restrição, emitida na última sexta-feira, foi a detecção de pontos de infiltração em dois dos sete tanques de estocagem de etanol. Assim, o primeiro terminal público de álcool, que consumiu investimentos de cerca de R$ 20 milhões, contabiliza muito mais tempo fechado do que em operação. Desde outubro de 2007 foram apenas 5 meses em operação. Na avaliação do Ibama, os vazamentos detectados na semana passada, ainda que pequenos, colocam em risco 400 famílias que moram nas proximidades do porto.
Entre reformas e embargos judiciais, o terminal até hoje carregou apenas sete navios, com volume total equivalente a 44,3 milhões de litros. O país exporta cerca de 190 milhões de litros por mês, e a produção total de etanol no Paraná este ano está estimada em 1,9 bilhão de litros.
O chefe do escritório regional do Ibama em Paranaguá, Licio George Donit, conta que um carregamento de álcool foi iniciado na quinta-feira passada, por causa de um pedido judicial para desembargo do terminal. A operação foi levada adiante após a realização de testes para a certificação dos tanques. Um dia depois, quando a estrutura estava prestes a voltar ao funcionamento, um vazamento de aproximadamente 200 litros foi detectado. “Constatamos uma infiltração na base de contenção de um tanque e vazamento na válvula de outro”, disse. Para Donit, os vazamentos são pequenos, mas colocam em risco a vizinhança. “Não é um volume grande. No entanto, estamos falando de um vazamento químico, que é naturalmente perigoso, causa dano ambiental e traz riscos à comunidade da vila”, declarou.
Moradores ainda esperam realocação
Desde julho do ano passado, quando um vazamento de álcool invadiu casas e pôs em risco a vida de mais de 400 famílias, casas prometidas aos moradores da Vila Becker, vizinha ao Porto de Paranaguá, continuam existindo apenas no papel e no discurso. Um convênio assinado pelo então governador Roberto Requião em setembro do ano passado prometia que 60 casas (de um total de 400) ficariam prontas ainda em maio deste ano – e que até o fim de 2010, todos os moradores do bairro estariam realocados. Nada foi feito, e na última sexta-feira, poucas horas após o novo vazamento, o governador Orlando Pessutti assinou novamente o mesmo convênio, e prometeu que, desta vez, as obras se iniciarão em 90 dias.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores da Vila Becker, Renato Francisco da Silva, os moradores estão esperançosos, mas acreditam que o calendário eleitoral comprometerá o andamento dos projetos. O edital da licitação que definirá a empresa responsável pela construção ainda não foi lançado. “Essa é a nossa maior preocupação. Parece que finalmente há vontade política, mas o tempo passa e nada de abrirem licitação”, afirma.
Apreensão
A notícia do microvazamento da semana passada gerou apreensão. Caso o terminal volte a operar, as famílias que ainda permanecem na área, localizada a poucos metros dos sete tanques, têm de lidar com o medo de mais um acidente e a desconfiança sobre aceitar ou não a proposta do governo. A região escolhida para a construção das novas casas, chamada de Porto Seguro, é considerada ruim por alguns. “É muito longe de onde eu trabalho, e não sabemos se vão construir lá o que já temos aqui, como o comércio e as igrejas. Não basta dar casa e não dar estrutura adequada”, opina o morador Adriano Rodrigues da Silva.
De acordo com a associação, a maioria dos moradores da Vila Becker aceita a realocação, mas há famílias que se sentem prejudicadas com a mudança porque as casas projetadas têm 52 metros quadrados, menores do que as atuais. A associação exige que cada casa da vila passe por uma avaliação que determine o seu valor, para que os moradores possam escolher entre a indenização e a realocação. O governo afirma que, por estarem em área de invasão, os moradores não têm a opção de serem indenizados.
Vanessa Prateano
“Exagero”
No setor produtivo, o embargo foi considerado “exagerado”. A operação do terminal de álcool é de responsabilidade da empresa Álcool do Paraná Terminal Portuário S. A., que, de acordo com o presidente Paulo Meneguetti, realizou as obras que estavam sendo exigidas desde o ano passado. “Logo que assumimos a operação do terminal, iniciamos a recuperação dos pontos deficientes. Temos laudos de todos os testes realizados”, disse. Para o executivo, a vazão do combustível era tão pequena que não consiste em vazamento, mas sim em “melejamento”, termo que designa um microderramamento. Agora o terminal passará por novos testes, cuja avaliação documental será julgada pela superintendência do Ibama.
Contingência
O superintendente da Administra­­ção dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Mário Lobo Filho, destacou que todos os procedimentos foram executados de acordo com o plano de contingência previsto para o terminal, sendo que o vazamento foi detectado pela própria guarda portuária. “O embargo foi uma medida um pouco exagerada e punitiva. Vamos acompanhar os novos testes para comprovar, com dados e fatos, que o terminal está apto a operar. Essa interrupção penaliza todo o setor da cana-de-açúcar”, disse.
Segundo o técnico da Conab Eugênio Stefanelo, o terminal tornou-se um “elefante branco” pelo seu baixíssimo nível de utilização. “Enquanto usarmos apenas os terminais privados, naturalmente as tarifas serão maiores. Isso me desespera, porque ficamos patinando nestes problemas enquanto vejo notícias sobre empresários migrando o escoamento para os outros estados com mais infraestrutura”, disse. De acordo com ele, enquanto Paranaguá e Santos demoram cerca de 15 dias para realizar um embarque, o porto de Navegantes (SC), consegue fazê-lo em quatro dias.

Fonte: Gazeta do Povo/André Lückman

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