Naval: Empreendimento situado em Rio Grande é controlado pela WTorre
A Engevix Engenharia, em parceria com o Funcef, fundo dos empregados da Caixa Econômica Federal, negocia a compra do Estaleiro Rio Grande, pertencente ao grupo WTorre, que atua nas áreas de engenharia, construção e imobiliária. A operação, segundo apurou o Valor, poderá ser fechada até a próxima semana.
A proposta da Engevix, que definiu ficar com 75% do estaleiro, está em fase avançada de análise pela direção da WTorre. A Funcef, através de seus veículos de investimentos em projetos de infraestrutura, propôs comprar os demais 25%. Isso pode significar a saída da WTorre desse negócio no momento em que a empresa se preparando para fazer lançamento inicial de ações na BM&FBovespa.
O Estaleiro Rio Grande (ERG) começou a ser construído pela WTorre em março de 2006 e depois de quatro anos e dois meses de obras tem a inauguração prevista para o dia 31 deste mês, com uma solenidade que deve incluir a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto foi licitado pela Petrobras para abrigar a montagem de plataformas para exploração de petróleo e gás na costa brasileira.
A Engevix quer adquirir a participação da WTorre no estaleiro para construir no local oito cascos pré-contratados pela Petrobras para plataformas tipo FPSO de exploração de petróleo e gás da área do pré-sal, na Bacia de Santos. A carta de intenções com a estatal foi assinada no fim do mês passado, autorizando a Engevix a iniciar as providências para executar o empreendimento. De acordo com informações, apenas esse contrato está avaliado em cerca de US$ 4 bilhões.
Procurada, mas considerando que a WTorre Properties encontra-se em "período de silêncio" por conta da operação de emissão de ações, a opção foi por não comentar o assunto. A Engevix também evitou falar sobre o negócio, bem como a Funcef.
O ERG, tido como uma obra ousada na construção de um polo naval no Sul, exigiu investimentos de R$ 840 milhões - 79% foram aportados pela Petrobras, com direito de usar o local durante dez anos. Os 21% restantes foram aplicados pela construtora, que receberá o ativo após esse período, conforme disse ao Valor, em outubro, o diretor da WTorre, José Hagge Pereira.
Na época, o executivo informou também que o cronograma original da obra não pôde ser cumprido porque o trabalho chegou a ser interrompido durante oito meses para a ampliação do projeto, a pedido da própria estatal. Antes disso, ainda em 2008, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, já havia anunciado a intenção de implantar em Rio Grande uma "linha de montagem" de cascos para plataformas oceânicas.
A principal estrutura do estaleiro gaúcho é um dique-seco com 350 metros de comprimento e 130 metros de largura em frente ao mar, de onde a água poderá ser removida para possibilitar o trabalho em terra nas plataformas, além de oficinas com capacidade para processar 1,5 mil toneladas de aço por mês. No terreno ao lado do dique, que está em fase final de construção, um consórcio liderado pela Queiroz Galvão iniciou no mês passado a integração das estruturas da plataforma P-55.
A WTorre tem ainda um projeto para implantar, por conta própria, um segundo estaleiro em Rio Grande, ao lado do ERG e batizado de ERG2. O empreendimento seria destinado à construção de embarcações de apoio às plataformas da Petrobras. A obra está orçada em R$ 420 milhões, com financiamento do Fundo de Modernização da Marinha Mercante, e aguarda a licença da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Fundada em 1981, a WTorre tem atuação em engenharia, empreendimentos imobiliários e edifícios residenciais. Além da gestão do estaleiro de Rio Grande, o grupo é investidor na área de infraestrutura, atualmente com participações acionárias na BR Vias (rodovias) e Rio Ambiental.
O grupo Engevix, que faturou R$ 1,5 bilhão em 2009, atua na área de óleo e gás por meio da Engevix Construções Oceânicas. A subsidiária Desenvix opera negócios de geração de energia (PCHs) e infraestrutura. A holding presta serviços de engenharia consultiva em vários setores, incluindo energia e indústrias de base.
Fonte: Valor Econômico/ Sérgio Bueno e Ivo Ribeiro, de Porto Alegre e São Paulo
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