O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) atrasou a conclusão do seu primeiro navio, o João Cândido, que deveria ter ficado pronto em agosto último. A embarcação marca a retomada da indústria naval no País realizada pelo governo federal e foi a primeira encomenda de 49 navios que a Transpetro – o braço de logística da Petrobras – fez aos estaleiros nacionais.
Em maio último, o presidente Lula participou de uma solenidade de lançamento do navio ao mar, quando foi anunciado que a embarcação ficaria pronta em agosto. Na ocasião, Lula chegou a dizer que gostaria de participar da primeira viagem do navio, prevista para o dia 15 de setembro. Agora, a previsão é março de 2011.
O presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Angelo Bellelis, afirmou que “10 meses é um tempo compatível com a indústria naval brasileira” para concluir um navio depois que ele é lançado ao mar.
“Vamos ter que melhorar isso, mas este foi um prazo razoável para o primeiro navio e um estaleiro que foi ficando pronto”, argumentou Bellelis. O navio começou a ser construído em setembro de 2008, quando foram cortadas as primeiras chapas de aço e ao mesmo tempo estavam sendo implantadas as instalações da empresa.
Ainda de acordo com Bellelis, um dos fatores que contribuiram para o atraso foi a demora para chegar os dois guindastes Goliaths, comprados de um fabricante chinês, que faliu. O estaleiro teve que fazer outro contrato de compra com um novo fabricante. “A chegada desse equipamento atrasou em até dez meses”, comentou.
Este atraso no equipamento, fez a empresa passar mais tempo para fabricar os blocos de aço que formam o casco do navio. Atualmente, está sendo feito o acabamento da embarcação, que inclui a interligação e os testes de vários sistemas, como os da tubulação, da casa das máquinas, de energia, das caldeiras, entre outros.
Quando for entregue, o João Cândido vai contabilizar um tempo de produção de dois anos e meio. Para o leitor ter uma ideia, na Coreia do Sul – um dos países que têm maior tecnologia na indústria naval – um navio petroleiro é construído em oito meses.
PREVISÃO
Inicialmente, a previsão era que o EAS concluísse os dois primeiros navios em 2010, mais quatro navios em 2011 e quatro em 2012. A meta do estaleiro é fazer com que o tempo médio de construção de cada embarcação fique em 18 meses.
O João Cândido faz parte do primeiro bloco de 10 navios encomendados pela Transpetro ao EAS. “É claro que o atraso no primeiro afeta o segundo. No entanto, os prazos estão sendo dilatados por causa dos percalços que encontramos”, explicou Bellelis. Na solenidade que ocorreu em maio, o executivo afirmou que o segundo navio seria entregue até o final de 2010, prazo que também não será cumprido.
Depois que concluir o primeiro lote de dez navios, o EAS vai fabricar mais um lote de cinco embarcações e uma encomenda de sete navios, todos para a Transpetro. “A nossa intenção é cumprir o cronograma inicial na entrega desses dois lotes”, afirmou, sem se lembrar quando exatamente é o prazo estimado no contrato. Em maio último, o João Cândido tinha uma estimativa de custo de US$ 182 milhões (o que significa cerca de R$ 303 milhões com o dólar a R$ 1,67, pela cotação de ontem).
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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