O estaleiro Keppels Fels fechou um acordo de leniência na sexta-feira (22) com autoridades do Brasil, dos Estados Unidos e de Cingapura, onde fica a sua sede, no qual reconhece que pagou propina para fornecer navios e plataformas de petróleo para a Petrobras e a Sete Brasil. A empresa vai pagar um multa de R$ 1,4 bilhão.
Leniência é uma espécie de delação para empresas.
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O Brasil ficará com cerca da metade do valor da multa (R$ 692 milhões), segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.
A multa global é a terceira maior da Lava Jato (depois de Odebrecht e da Braskem) e a quinta no ranking de dinheiro que será pago ao Brasil.
O acordo estipula que a empresa de Cingapura devolverá o dobro do que pagou em suborno no país.
O Keppels é um dos maiores fornecedores da Petrobras e tem contratos no valor de US$ 25 bilhões, o equivalente atualmente a R$ 83 bilhões.
A ordem para o pagamento de propina partia da cúpula da empresa em Cingapura. O acordo envolveu os EUA porque um executivo americano participou do esquema paga pagar suborno.
O estaleiro era representado no Brasil pelo lobista Swi Skornicki, que foi apanhado pela Lava Jato, fez acordo de delação e reconheceu ter pago US$ 4,5 milhões ao marqueteiro do PT João Santana, por indicação do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, que está preso em Curitiba.
A mulher de Santana, a publicitária Mônica Moura, informou em sua delação que o dinheiro foi recebido na Suíça e era uma dívida de campanha presidencial de Dilma Roussef de 2010.
O lobista contou em seu acordo que fez pagamentos de propina para executivos da Petrobras e para o PT desde 2003. Ele pagou uma das maiores multas entre os delatores da Lava Jato, de R$ 83,1 milhões.
No ano passado, a empresa reconheceu que poderia ter ter cometido ilicitudes em negócios com a Petrobras.
Com esse acordo, o valor arrecadado pela Lava Jato em três anos e nove meses sobe para R$ 11,5 bilhões, um recorde na história brasileira.
"Infelizmente, esse valor ainda é pequeno quando comparado ao total desviado da população brasileira pela atuação de políticos, agentes públicos e empresários corruptos. Muito mais ainda precisa ser feito para coibir essa prática nefasta", disse a procuradora Laura Gonçalves Tessler, da força-tarefa.
O advogado da Keppels, Celso Vilardi, não quis se pronunciar.
Fonte: Página 3