Surfistas no Titanzinho: moradores afirmam que ainda não foram apresentados ao projeto do estaleiro
Para a entidade, argumento de custo- benefício do governador envolve viabilidades econômica e ambiental
O debate sobre a localização do estaleiro Promar Ceará terá respaldo científico. O IAB-CE (Instituto de Arquitetos do Brasil) formou um grupo de trabalho e solicitou à Seinfra (Secretaria de Infraestrutura do Estado) documentos para análise: estudo sobre a profundidade da costa cearense, estudo de impacto ambiental formulado para ampliação do Porto do Mucuripe em 1993 e projeto base do empreendimento, além de dados referentes ao custo da obra.
Segundo o presidente da entidade, Odilo Almeida, um posicionamento formal sobre o equipamento será anunciado após um estudo científico.
Um dos argumentos do governador é que a construção no Titanzinho terá custo menor que em outras partes do litoral do Estado. Cauteloso, Almeida explica que "a relação custo benefício é uma equação complexa que envolve viabilidades econômica, ambiental, urbanística, e social. "São essas quatro dimensões que deve ser consideradas". Com este raciocínio, ele diz que o IAB vai ouvir especialistas em questões portuárias e ambiental que trabalham com arquitetos na formulação de projetos. "Vamos reunir material, estudar e nos posicionar".
Luta pela Zeis
A comunidade do bairro Serviluz agenda ações para regularizar a área como Zeis (Zona Especial de Interesse Social), conforme está previsto no Plano Diretor de Fortaleza. A iniciativa visa barrar a instalação do estaleiro na Praia do Titanzinho, como quer o governador do Ceará, Cid Gomes. Mas, se depender da vontade dos moradores, como garantiu o líder do Executivo estadual, o empreendimento não vai para aquela região.
Lideranças do bairro falam das preocupações dos habitantes do local e das movimentações para regularizar a região como Zeis (Zona Especial de Interesse Social), enquanto o governador garante 1.200 empregos diretos com o estaleiro.
Segundo um dos gestores da ONG Serviluz sem Fronteiras, Pedro Paulo Fernandes, acontecerá um seminário de formação no próximo dia 27, às 14 horas, no Centro Referência e Assistência Social do Serviluz (Cras) do bairro. "O objetivo é a regulamentação da Zeis", afirma.
"Vamos reunir a comunidade para discutir a formação de um Conselho Gestor, que é um dos passos para criação da Zeis". Ele se refere ao que prevê o Plano Diretor. "Deverão ser constituídos, em todas as Zeis 1 e 2, Conselhos Gestores compostos por representantes dos atuais moradores e do Município, que deverão participar de todas as etapas de elaboração, implementação e monitoramento dos planos integrados de regularização fundiária", encontra-se na lei.
Além desta mobilização, os moradores deverão contar com a disposição da prefeita, que vem se posicionando contra o empreendimento naquele lugar. É que a lei também determina que um "decreto municipal deverá regulamentar a constituição dos Conselhos Gestores das Zeis 1 e 2 determinando suas atribuições, formas de funcionamento, modos de representação equitativa dos moradores e dos órgãos públicos competentes".
A ONG Serviluz sem Fronteiras funciona há dois anos e trabalha com fotografia, turismo e desenvolvimento comunitários. Mais de dez entidades encabeçam movimento contra instalação do estaleiro no local.(Fonte: Diário do Nordeste/CE/CAROL DE CASTRO)
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