Fundado em 1845 e responsável por fabricar as primeiras plataformas de petróleo do país, na década de 1960, o Estaleiro Mauá, em Niterói, tenta um novo capítulo em sua história em meio a dificuldades financeiras. A atual crise na empresa ganhou força há três anos, quando a Transpetro cancelou o contrato de construção de três navios petroleiros. Com isso, o estaleiro acumulou dívidas de R$ 1,5 bilhão e enfrenta um processo de recuperação judicial, cujo plano prevê a possibilidade de atrair um sócio estrangeiro para concluir as unidades.
CANTEIRO VAZIO
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No estaleiro, o cenário é desolador, com seis funcionários fazendo a segurança do local interditado que abriga os três navios e a manutenção de toneladas de aço. Nesse espaço, que corresponde a cerca de metade da área de todo o estaleiro, dois petroleiros estão no mar à espera de uma solução. Um, batizado de Irmã Dulce, tem 95% das obras concluídos. O outro, chamado Zélia Gattai, está com 89% prontos.
Situação pior tem o terceiro petroleiro, ainda localizado no pátio (chamado de carreira), com 60% das obras feitas. O espaço em que já transitaram 3.500 funcionários é hoje um grande vazio, com o navio inacabado cercado de tubos, correntes e uma chaminé com o logotipo da Petrobras desbotado. Estima-se que os ativos tenham valor de US$ 300 milhões, cerca de R$ 1,2 bilhão, segundo fontes do setor.
Ricardo Moreira Vanderlei, diretor-presidente do Estaleiro Mauá, diz que todo esse equipamento está enferrujando há três anos.
— Os dois navios estão sendo destruídos. É dinheiro público que está derretendo na Baía de Guanabara — diz. — A Transpetro cancelou os contratos e, com isso, não conseguimos arcar com os salários dos funcionários. Hoje, temos duas ações na Justiça contra a empresa questionando o fim do contrato e pedindo indenização devido ao desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos.
A Transpetro disse que os contratos foram rescindidos “em decorrência do inadimplemento das obrigações contratuais”. A subsidiária da Petrobras informou ainda que as avaliações indicaram como melhor alternativa a não continuidade da construção.
Fonte: O Globo