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Estrangeira descobre jazida gigante no pré-sal do Estado

Em meio ao debate sobre mudanças na distribuição de royalties de petróleo, a petroleira norte-americana Anadarko anunciou ontem que a jazida encontrada no campo Wahoo, na área do pré-sal da Bacia de Campos, mas no litoral do Espírito Santo, pode conter mais de 300 milhões de barris. Os testes no primeiro poço indicaram uma vazão superior a 15 mil barris de óleo, além de 4 milhões de m3 de gás natural por dia, informou a empresa.
Veja o site especial sobre o pré-sal
Descoberto no ano passado, o petróleo encontrado no bloco BM-C-30, que foi licitado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 2004, na sexta rodada de leilões, é de qualidade superior, 31 graus API (medida de classificação da qualidade do petróleo). Quanto maior o grau, melhor a qualidade e maior o valor.
No comunicado, segundo o vice-presidente de exploração internacional da companhia, Bob Daniels, o resultado confirma o potencial da jazida. A Anadarko informou que o teste em Wahoo 1 registrou vazão de 7,5 mil barris por dia.
O desempenho do primeiro poço perfurado, porém, foi limitado pela capacidade dos equipamentos utilizados. "Esse teste confirma a produtividade desses reservatórios e acreditamos que o poço seja capaz de uma taxa de produção superior a 15 mil barris de petróleo por dia", afirmou Daniels.
Localizado ao lado do Parque das Baleias, onde começou a produção na camada do pré-sal no país, o projeto Wahoo já tem duas descobertas abaixo da camada de sal. Nos cinco campos do Parque das Baleias, a Petrobras estima uma reserva entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de barris. Já no campo de Jubarte, está em produção o primeiro campo no pré-sal no litoral do Estado.
Sistema de produção
A Anadarko informou que vai testar agora o poço Wahoo 2, que também atingiu um reservatório do pré-sal. Os resultados dos testes serão importantes para definir um sistema de produção para o campo. O volume pode ser revisto para cima, depois da perfuração de um terceiro poço e após os testes em Wahoo 2. A Anadarko não informou quando terá início a produção efetiva ou que tipo de plataforma usará.
Para o secretário estadual de Desenvolvimento, Márcio Félix Bezerra, o anúncio de ontem mostra a importância do Espírito Santo em relação ao pré-sal. "O Estado continua sendo pioneiro na produção e, apesar de a reserva no litoral paulista ser bem maior, a produção no litoral Sul capixaba vem sendo acelerada".
O bloco BM-C-32 tem sua concessão dividida da seguinte forma: 30% da Anadarko, que é também a operadora (a empresa que vai cuidar da produção); 25% da IBV Brasil Petroleum (joint venture entre a Bharat PetroResources e a Videocon Industries, indianas); 25% da norte-americana Devon (que está vendendo todos os seus ativos no Brasil para a British Petroleum); e 25% da sul-coreana SK.
China estará em leilão do pré-sal
Depois de anos ausentes nas rodadas de licitações de blocos de petróleo no Brasil, as petroleiras da China não ficarão de fora do primeiro leilão com áreas do pré-sal, ainda a ser agendado, e podem também participar da 11a rodada, com áreas tradicionais, que deverá ficar para 2011.
Recém-chegado de uma viagem de nove dias ao gigante asiático, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Haroldo Lima, já dá como certa a participação das estatais chinesas nos próximos leilões da ANP, e vê também boas perspectivas para outros investimentos no Brasil, como refinarias.
"Os chineses manifestaram muito interesse e querem entender as regras do jogo. Fui lá falar sobre as nossas regras, o novo marco, explicar como são as coisas", disse Lima.
Ele se disse pessimista, entretanto, sobre a realização da 11ª rodada este ano, devido às eleições presidenciais do segundo semestre e a demora para aprovar as áreas já escolhidas pela ANP.
"Fizemos cálculos e vimos que (o tempo) está apertado", disse Lima, informando que as áreas escolhidas pela ANP, "que vão da bacia do Recôncavo (BA) pra cima, mas em terra, águas rasas e profundas", serão avaliadas na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em junho.
"Vai chegar perto do Natal, e por ai não dá", explicou o executivo lembrando que existiam ainda vários prazos legais para a realização dos leilões. 2009 foi o primeiro ano, desde 1999, que o Brasil não realizou leilões de áreas de petróleo.
A visita do presidente chinês, Hu Jintao, ao Brasil, na próxima semana, dará prosseguimento à aproximação das estatais chinesas com a ANP, segundo Lima. Para ele, Brasil e China possuem complementaridades, apesar de algumas diferenças culturais.
Lula diz que ficou surpreso com Emenda Ibsen
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem ter sido pego de "surpresa" quando o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) apresentou a proposta de divisão dos royalties do petróleo que embolou a tramitação do marco regulatório do pré-sal. Apesar da pressa do governo em ver os projetos aprovados até o final de junho, os senadores ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre o que fazer com o rateio dos recursos obtidos com a cobrança da compensação financeira. A chamada Emenda Ibsen foi aprovada por maioria na Câmara e foi entendida como uma resposta à postura do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que chegou a dizer que os deputados queriam "roubar" os cofres do Estado.
Petrobras diz que mantém interesse em bloco na Índia
São Paulo
A Petrobras esclareceu ontem que desistiu de dois dos três blocos exploratórios localizados em águas profundas da Índia no qual participava, em parceria com a estatal indiana Oil and Natural Gas Corp (ONGC). Mas mantém a parceria no bloco o CY-DWN-2001/1, na Costa Leste da Índia, já que ainda existem análises a serem realizadas e um poço a ser perfurado, informou a companhia.
A companhia divulgou comunicado após notícias veiculadas na imprensa de que a estatal estaria desistindo de parceria com a empresa indiana. A Petrobras explicou que, em 2007, assinou contrato de parceria em atividades de exploração e produção com a ONGC em seis blocos exploratórios em águas profundas, dos quais três no Brasil e três na Costa Leste da Índia.
Após estudos, a estatal optou por desistir das atividades em dois blocos: em dezembro de 2008 desistiu do MNDWN- 98/3, operado pela ONGC; e em dezembro de 2009, anunciou a desistência no bloco KG-DWN-98/2, operado pela ONGC, em parceria com a Statoil e Cairn. Segundo a estatal, o processo de devolução da participação está em andamento.
Partilha como modelo
Relator do projeto de lei que estabelece a partilha como modelo de distribuição dos recursos obtidos com a exploração de petróleo da camada pré-sal na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) defenderá a aprovação integral do texto enviado pelo Executivo, em discurso no plenário, na tarde de ontem. Além disso, o parlamentar vai sugerir que a discussão sobre eventuais mudanças na distribuição dos royalties do petróleo fique para depois das eleições de outubro. A repartição igualitária entre os estados produtores e não produtores dos royalties do pré-sal foi inserida no projeto de lei da partilha pelo PMDB da Câmara, o que acabou por influenciar o debate de mérito sobre a possível manutenção do regime de concessão ou a alteração proposta pelo governo federal.
CNI quer adicional de receita
O presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Armando Monteiro Neto, defendeu uma solução equilibrada para a distribuição de royalties do petróleo. Segundo ele, as receitas não devem priorizar um ou dois estados porque assim acentuariam os desníveis regionais. "A CNI tem uma visão de país. Defendemos uma receita adicional aos Estados produtores sem significar grave prejuízo aos outros Estados", disse Neto.
Monteiro Neto disse ainda que a CNI considera que o texto dá um controle excessivo à estatal que será criada, a Petro-Sal, e considera que há uma concentração nas mãos da Petrobras, que será a operadora única na exploração dos blocos na área do pré-sal."Embora reconhecendo a competência da Petrobras, o projeto aponta para uma centralização e um encargo excessivo que apenas uma companhia assumiria neste processo".

Fonte: A Gazeta (Vitória)/Denise Zandonadi


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