A ideia da criação de um "superministério" dos Transportes, aventada pelo entorno da presidente Dilma Rousseff no bojo da reforma administrativa, perdeu força e deve ser abandonada. O desenho mais provável, às vésperas do anúncio de enxugamento da máquina, é a fusão da Secretaria de Aviação Civil (SAC) com a Secretaria de Portos (SEP). Ambas são comandadas pelo PMDB.
O fortalecimento dos Transportes sempre teve defensores importantes. Um deles era o empresário Jorge Gerdau Johannpeter. Próximo de Dilma, ele comanda a moribunda Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade. A presidente se viu, no entanto, diante de um novo problema ao pensar com quem deixaria o superministério.
Mantê-lo nas mãos do PR seria demais para um partido da base aliada relativamente modesto e que não tem sido tão fiel nas votações do Congresso Nacional como o Planalto gostaria. Entregá-lo para o PMDB criaria outro dilema: onde acomodar tantos indicados do PR no segundo escalão dos Transportes. Além do ministro Antônio Carlos Rodrigues, o partido detém uma série de cargos, como secretários, dirigentes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da estatal de ferrovias Valec. "Daqui a gente não sai de jeito nenhum", comunicou um dirigente da sigla a assessores de Dilma, como uma espécie de aviso de que o PR estaria disposto a deixar o governo, em caso de perda da pasta.
Diante do risco de encolhimento da base, o que estaria na contramão dos esforços para se blindar contra o impeachment, Dilma teria jogado a ideia fora. O problema agora é escolher quem ficaria com a fusão entre Aviação Civil e Portos. Elas são comandadas, respectivamente, por Eliseu Padilha e Edinho Araújo - os dois são homens de confiança do vice-presidente Michel Temer.
Antes da criação da SEP, em 2007, a área portuária já estava na estrutura dos Transportes - mas com um programa de investimentos bem menos robusto. A aviação civil ficava na estrutura do Ministério da Defesa.
Fonte: Valor Econômico/Por Daniel Rittner | De Brasília
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