Controlada pelo grupo Inepar, que entrou com pedido de recuperação judicial no início deste mês, a Iesa Óleo e Gás decidiu colocar em férias coletivas de um mês, a partir da próxima segunda-feira, os funcionários da produção e das áreas de apoio do estaleiro de Charqueadas (RS). A decisão foi anunciada ontem, um dia depois que os empregados entraram em greve em protesto contra a falta de pagamento dos salários no dia 5 e a incerteza sobre o futuro da operação.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, Jorge Luiz de Carvalho, a medida atinge cerca de mil funcionários e não há confirmação de que eles receberão os pagamentos relativos às férias. Outros cem, das áreas administrativas, continuarão em atividade, também sem previsão de recebimento dos salários. O sindicalista disse que os trabalhadores que entraram em greve na segunda-feira foram ao estaleiro ontem, mas mesmo assim as atividades são executadas de forma "precária".
Esta foi a terceira greve enfrentada neste ano pela Iesa, que enfrenta dificuldades financeiras desde 2013. No fim de julho, a Inepar negociou a entrada da Andrade Gutierrez na operação, mas o contrato ainda não foi assinado e nenhuma das empresas comenta o acordo. O estaleiro tem contrato para fornecer 24 módulos de compressão de gás para plataformas da Petrobras por US$ 720 milhões, com opção para chegar a 32, por US$ 911,3 milhões. Os seis primeiros deveriam ter sido ser entregues em julho, mas o prazo não foi cumprido.
"Ninguém presta esclarecimentos. Está tudo muito vago", reclamou o sindicalista. De acordo com ele, haveria uma discussão sobre quem é o responsável pelo pagamento dos salários de agosto, se a Iesa ou a construtora, e mesmo que o contrato entre as duas não tenha sido assinado já há funcionários da Andrade Gutierrez no estaleiro desde o início do mês passado, inclusive fazendo demissões de funcionários mais antigos e contratando outros, boa parte deles do Nordeste do país.
Procurada pelo Valor, a Iesa informou por intermédio de sua assessoria que não iria se manifestar sobre o assunto. A Andrade Gutierrez disse, em nota, que está "acompanhando de perto as negociações dos trabalhadores com a Iesa e só irá se pronunciar sobre o tema após a assinatura final do contrato [para assumir a operação do estaleiro]" A Petrobras, também em comunicado, disse que "está analisando a situação atual da Iesa e estudando as medidas necessárias para garantir que as obras sejam concluídas dentro dos prazos".
Fonte:Valor Econômico\Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
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