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Incerteza sobre Europa pesa no preço de metais e petróleo

Os preços dos metais e do petróleo reagiram em queda ao aumento da aversão ao risco que pairou ontem sobre os mercados e devem seguir sob pressão nas próximas sessões, à medida que cresce o temor de que a crise grega se espalhe para outros países europeus. Diante desse cenário, que levou à fuga dos investidores de ativos considerados de maior risco para o dólar, com consequente valorização da moeda americana, as cotações das commodities chegaram a atingir as mínimas para um período de três meses, embora tenham mostrado ligeira recuperação às vésperas do encerramento dos negócios.
Dentre os contratos mais líquidos negociados na Bolsa de Metais de Londres (LME), os de níquel com vencimento em três meses foram destaque de queda ontem, com baixa de quase 4%, para US$ 21.665 a tonelada. A maior realização de ganhos, segundo analistas, é justificada pela forte valorização do metal nos últimos meses, impulsionada pela crescente produção de aço inoxidável (que leva altas doses de níquel). Os contratos de cobre, que no ano têm baixa de cerca de 5%, andaram na contramão do mercado e mostraram ganho de 2,21%, para US$ 6.999 a tonelada.
"O mar não está mais tão calmo. Nos próximos dias, os metais vão acompanhar de perto o desenrolar das notícias na Europa, especialmente da Grécia", afirma o analista Leonardo Alves, da Link Investimentos. Para ele, a relação entre dólar e euro também vai determinar o comportamento das commodities metálicas no curto prazo, conforme especialistas. Contudo, para um analista de banco estrangeiro que tem operação no Brasil, a China poderá representar importante proteção a esses ativos, uma vez que foram justamente preços baixos dos metais que levaram os chineses a compras pesadas no ano passado, o que acabou por acelerar a recuperação das cotações. "Se os preços caírem demais, os chineses podem voltar a comprar", diz.
Em entrevista ao "Financial Times", o analista do Barclays Capital Nicholas Snowdon destaca que os fundamentos do mercado de metais não justificam a "falta de confiança" dos investidores, que levou à queda quase que generalizada dos metais desde a última semana. "Uma recuperação nos preços em relação aos níveis atuais se justificaria", diz o especialista, conforme a publicação.
Neste momento, os chineses estão compradores no mercado de metais, porém não demonstram o mesmo apetite verificado em meados do ano passado. Assim, segundo o analista brasileiro que prefere não se identificar, os preços dos metais estariam sendo sustentados principalmente por capital especulativo. "Os preços estão, de um modo geral, relativamente altos em relação aos pontos baixos verificados entre o fim de 2008 e o início de 2009", afirma o especialista. "Mas não havia fundamento para caírem tanto naquele momento."
No mercado de petróleo, além da alta do dólar, pesou para a desvalorização dos contratos a divulgação, na quarta-feira, de estoques - de óleo e gasolina - acima do esperado nos Estados Unidos, números que acabaram interpretados como mais indícios da lenta recuperação da economia americana. Segundo o analista Nelson Rodrigues de Matos, do BB Investimentos, os números fizeram novo eco diante do aumento da aversão ao risco na jornada de ontem - na quarta, os contratos já haviam fechado o dia em queda.
Em Londres, o barril de petróleo Brent recuou ontem 3,37%, para US$ 79,83. O fato de os contratos terem rompido a barreira dos US$ 80 por barril acendeu a luz amarela. "Desde o início do ano, considerando-se as cotações máxima e mínima, a queda supera 10%", comenta Matos. "O petróleo seguirá acompanhando a Grécia e o risco de contaminação de outras economias europeias".

Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes, de São Paulo


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