Da mesma forma com que parte da esquerda brasileira viu com suspeita o interesse do presidente americano, Barack Obama, pelo petróleo da camada do pré-sal, os conservadores nos Estados Unidos criticaram a busca do combustível em outras partes do mundo, enquanto vigoram limites para novas explorações no Golfo do México.
Ontem, o presidente do Comitê de Recursos Naturais da Câmara dos Deputados, Doc Hastings, criticou Obama por ter declarado a intenção de comprar petróleo e apoiar a produção no Brasil. "Obama incentiva mais perfurações de petróleo em alto mar - no Brasil!", afirma o título da nota divulgada pela assessoria de Hastings.
"Em vez de criar energia e empregos americanos, o presidente Obama está no Brasil advogando o aprofundamento da dependência dos EUA por energia estrangeira", declarou ele, na nota. "O presidente claramente não aprendeu nada dos recentes eventos mundiais", continuou o deputado, que entende que é possível explorar novas formas estáveis de energia dentro dos EUA. Para ele, os EUA seguem vulneráveis, mesmo mudando sua fonte de energia de regiões geopolíticas mais instáveis para o Brasil.
Hastings, que faz parte de uma maioria do Partido Republicano na Câmara, eleita em fins do ano passado, é um defensor da retomada das perfurações no Golfo do México, suspensas em algumas áreas depois de um grande vazamento de petróleo no ano passado em uma plataforma da BP.
Há alguns dias, ele declarou que irá apresentar dois projetos de lei para liberar a produção de petróleo nas áreas em que a exploração foi bloqueada. Mas as chances de a proposição ir adiante são pequenas, pois o Partido Democrata controla o Senado.
É comum na retórica dos defensores da retomada das perfurações no Golfo do México dizer que, enquanto os Estados Unidos bloqueiam sua produção, outras economias, como Brasil, tomam a dianteira. A crítica inclui também as linhas de financiamento oferecidas pelos Estados Unidos, como a do Eximbank, para apoiar a exportação de equipamentos americanos para perfuração de poços no Brasil.
Durante a visita de Obama ao Brasil no fim de semana, partidos mais à esquerda protestaram,, em frente ao Teatro Municipal, onde o presidente americano discursou, contra o interesse dos Estados Unidos no petróleo do pré-sal.
Fonte: Valor Econômico/Alex Ribeiro | De Washington
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