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J.P. Morgan acredita em mercado favorável à operação da Petrobras

Os mercados estão instáveis, mas deverão ser favoráveis à oferta bilionária de ações da Petrobras, que poderá ser uma das maiores no mercado internacional, em valor estimado entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões. A expectativa é do presidente do banco de investimento do J.P. Morgan Chase, Jes Staley, ao confirmar ao Valor a participação na oferta global de ações da companhia brasileira.
"Os mercados estão instáveis, e temos que ver quando a Petrobras fará a emissão", disse. "Mas a empresa tem um nome excelente, e acho que o mercado deverá ser favorável a essa operação." Staley evitou dar detalhes sobre a montagem. Mas fontes do mercado dizem que o J.P. Morgan Chase entra na operação em posição secundária, o que resultará em menos comissões.
A causa seria uma suposta irritação da Petrobras com uma recomendação negativa do banco americano, que derrubou a ação da empresa em 4% no começo de maio.
Os bancos escolhidos como coordenadores da oferta global foram o Bradesco BBI, Itaú-BBA, Santander, além do Bank of America Merrill Lynch, Citigroup e Morgan Stanley.
No Brasil, em todo caso, o J.P. Morgan Chase está particularmente satisfeito. Staley aposta que mais e mais companhias brasileiras vão se internacionalizar e quer "ajudá-las a ir para o mercado externo". "O banco está indo muito bem no Brasil", afirmou, ilustrando com resultado recorde em 2009. "Nossa posição é boa, o governo é muito aberto, as regras do mercado financeiro estão muito desenvolvidas, gostamos muito de atuar no Brasil."
O executivo descartou, porém, a possibilidade de o J.P. Morgan entrar no varejo no país. "Temos todas as licenças que precisamos no Brasil, estamos satisfeitos."
A expectativa é grande no mercado internacional com o aumento de capital da Petrobras, que analistas acreditam poder alcançar US$ 50 bilhões. Outra grande operação a caminho é a abertura de capital do Agricultural Bank of China (ABC), prevista para julho.
O quarto maior banco estatal chinês espera levantar até US$ 28 bilhões. As autoridades chinesas já teriam garantido o apoio de vários investidores de peso, para assim elevar o interesse internacional na operação.
O fundo soberano de Cingapura Temasek teria se comprometido em comprar US$ 300 milhões de títulos do ABC. Dois fundos do Catar e do Kuwait também teriam prometido investir várias centenas de bilhões de dólares. O banco holandês Rabobank, que anunciou um acordo de cooperação estratégica com o banco chinês, pode comprar ações do pacote bilionário.
Para os bancos de investimentos, as duas operações chegam no momento certo. Jes Staley reconheceu, em entrevistas em Viena, durante um encontro de banqueiros, que a atividade se reduziu, com clientes tomando menos risco, podendo afetar o desempenho do banco segundo trimestre.
Staley é uma estrela em ascensão no J.P. Morgan. Ele trabalhou no banco no Brasil entre 1980 e 1989, quando se casou com uma brasileira. Voltou a Nova York e passou a dirigiu a gestão de ativos, expandido o negócio de US$ 605 bilhoes em ativos de clientes em 2001 para US$ 1,3 trilhão.
Desde setembro do ano passado, ele é o presidente do banco de investimento e se tornou um dos candidatos a suceder o executivo-chefe do grupo, Jamie Dimon, no comando nos próximos anos.
Na conversa com o Valor, Staley fez uma correção em outra previsão do J.P. Morgan. O banco publicou um estudo apontando a Inglaterra como a campeã da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul. "Ah, não, vai dar Brasil", afirmou, rindo. O palpite foi feito, é bom deixar claro, antes da vitória magra de ontem sobre a Coreia do Norte.

Fonte: valor Econômico/ Assis Moreira, de Paris


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