Após três meses de espera, o acordo para capitalização da fabricante de equipamentos de óleo e gás Lupatech finalmente saiu do papel. O aumento de capital de até R$ 700 milhões foi anunciado no fim de dezembro, mas a conclusão da operação dependia da assinatura de um contrato, que ocorreu na quinta-feira - um mês após o prazo estimado pela companhia.
As condições da operação foram mantidas conforme anunciado no fim do ano. Serão emitidas 175 milhões de novas ações, a R$ 4 cada uma, e o aumento de capital poderá ser homologado parcialmente desde que chegue pelo menos a R$ 350 milhões.
Esse montante mínimo foi garantido por Petros e BNDESPar - segundo e terceiro maiores acionistas, com fatias de 15% e 11,5%, respectivamente - e pela GP Investimentos, que passará a integrar o capital da Lupatech após a incorporação de sua controlada San Antonio Brasil (SABR) à companhia. Os R$ 350 milhões restantes dependerão da adesão dos acionistas minoritários à subscrição.
O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras e o braço de participações do BNDES subscreverão em conjunto até R$ 300 milhões no aumento de capital. Já a incorporação da SABR, que fornece serviços para poços de petróleo, ocorrerá por R$ 150 milhões, dos quais R$ 100 milhões em dívidas.
A Lupatech convocará uma assembleia geral para aprovar a operação. Os acionistas votarão ainda por uma alteração no estatuto para suprimir a cláusula de "pílula de veneno" e dispensar o acionista que atingir participação acionária de mais de 30% da necessidade de realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) para toda base acionária.
O ponto de partida para a crise da Lupatech foi o adiamento das encomendas da Petrobras durante a crise de 2008. Endividada por causa das aquisições que tinha feito até então, a empresa, que abriu capital em 2007, não consegue gerar caixa para arcar com suas despesas financeiras.
A Lupatech encerrou 2011 com patrimônio líquido negativo em R$ 43,7 milhões. Na prática, isso quer dizer que a venda de todos os seus ativos não é suficiente para fazer frente às dívidas. A empresa terminou o ano com prejuízo de R$ 241,3 milhões e apenas R$ 21,4 milhões em caixa. As dívidas com bancos que vencem no curto prazo somam R$ 299 milhões.
Fonte: Valor Econômico/Por Natalia Viri e Viviane Maia | De São Paulo
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