Receba notícias em seu email

MSC

México espera atrair US$ 10 bi por ano com abertura do petróleo

O chefe da estatal monopolista mexicana do petróleo prevê que a reforma do setor, proposta  nesta semana, aumentará os investimentos em US$ 10 bilhões por ano, mesmo que as empresas  estrangeiras que o país espera atrair não puderem contabilizar como suas as reservas  petrolíferas.

"Para alcançar as previsões de produzir mais 1 milhão de barris por dia, esperamos US$ 10  bilhões adicionais por ano até 2025", disse o executivo-chefe da Pemex, Emilio Lozoya.  "Parte desse investimento extra virá de empresas estrangeiras, parte da Pemex", afirmou em  entrevista exclusiva, por telefone, ao "Financial Times".

É uma tarefa complicada. A Pemex, décima maior produtora de petróleo do mundo, fatura mais  de US$ 127 bilhões por ano, mas também tem 160 mil funcionários, um sindicato forte e  obrigações previdenciárias equivalentes a 8% do Produto Interno Bruto (PIB), além de pagar  praticamente todos seus lucros ao governo, em impostos.

"É emocionante", diz Lozoya, ex-especialista em recuperar finanças de empresas. "Em termos  de estrutura, a Pemex será como qualquer petroleira internacional, com operações dinâmicas  e alta eficiência."

Peña Nieto lançou uma blitz na mídia para vender a reforma a dois públicos: os mexicanos,  para quem o setor petrolífero estatal é um orgulho nacional, e para os investidores  estrangeiros.

"A reforma vai criar 500 mil empregos até 2018 e 2,5 milhões até 2025", disse Lozoya,  repetindo o mantra do governo. "As contas de eletricidade também vão cair".

A questão da contabilização das reservas é mais complicada. Enquanto tenta tranquilizar  investidores estrangeiros, como ExxonMobil e Royal Dutch Shell, o governo informa aos  mexicanos que os contratos de partilha de lucro não vão ceder nada das reservas, estimadas  em 115 bilhões de barris.

"Isso é importante. As empresas não vão poder contabilizar as reservas. Mas globalmente os  acordos de partilha de lucro permitem que as empresas as contabilizem em seus balanços  financeiros como ativos com fluxo de caixa previsto", diz. "A questão-chave é que elas são  financiáveis".

Se a diferença for só de semântica contábil, e as petroleiras concordarem, isso indicaria  haver certa flexibilidade para interpretação. Lozoya não quis dizer se o México discutiu o  tema com a SEC, a CVM americana. De fato, a inpossibilidade de contabilizar as reservas  afetou o próprio balanço da Pemex. Como tem dívidas de US$ 60 bilhões, mas não ativos  suficientes para contrabalançá-las, a empresa tem um patrimônio negativo de US$ 21 bilhões  - outro bom motivo para o governo evitar uma listagem no mercado acionário.

O maior desafio estrutural de Lozoya é dividir a Pemex em duas - uma parte mais ligada à  comercialização e outra à produção. A de produção deve se tornar altamente lucrativa, com a  previsão de aumento de extração dos atuais 2,5 milhões para 3,5 milhões de barris por dia,  o que traria uma receita extra de US$ 40 bilhões pelos preços atuais, de US$ 100 por  barril.

A Pemex, diz Lozoya, encabeçará os esforços ou fará sozinha a exploração e produção dos  campos petrolíferos em águas rasas, segmento em que possui experiência e o custo de  extração é de US$ 6 por barril. Já em águas profundas, a Pemex se uniria a empresas  estrangeiras, que poderiam até ser operadoras únicas em projetos que a Pemex achar  arriscados demais.

"Elas vão trabalhar com o Estado via uma comissão, ainda não definida, que vai operar com  completa transparência", diz, acrescentando que o órgão regulador do México, a CNH, vai ser  reforçada.

Reestruturar as operações da Pemex ligadas à comercialização, que tiveram prejuízo de US$ 8  bilhões em 2012, será mais complicado. "Também vão estar abertas à participação privada",  diz Lozoya. "Há necessidade de modernizar."

Reformas passadas no setor energético mexicano, baseadas em contratos de serviço, não  atraíram investimento externo significativo. Esta deve ter mais êxito, a julgar pelos  comentários iniciais dos grupos petrolíferos. Um primeiro projeto de lei, que busca mudar a  Constituição para permitir investimentos privados e abrir caminho para leis mais  detalhadas, vai ao Congresso nesta semana.

Muitos acham que a reforma será aprovada, pois o governista Partido Revolucionário  Institucional (PRI) e o Partido Ação Nacional (PAN), oposição de centro-direita, mas a  favor do projeto, têm juntos a maioria de dois terços necessária para mudar a Constituição.  Ainda assim, prevê-se forte oposição. Como Lozoya vê isso? "A reforma é boa para o México e  para os mexicanos. Esperamos uma boa discussão e boa recepção."

Fonte: Valor Econômico/John Paul Rathbone | Financial Times, de Londres






PUBLICIDADE




Shelter

   Zmax Group    ICN    Ipetec
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Sinaval   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira