União de atores do segmento identifica potencial de exploração econômica do modal, que hoje representa 6% da matriz de transporte de carga do Brasil
A expertise da navegação marítima aliada à capilaridade da navegação fluvial inaugurou uma nova era no mercado de players do setor com foco na Amazônia, com a realização da feira internacional Navegistic Navalshore Amazônia. Pela primeira vez, um evento dedicado ao segmento reuniu organizações, comércio, indústria e representantes dos governos estadual e federal.
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Mais de 100 expositores de 350 marcas ligadas às mais diversas áreas da indústria e comércio naval estiveram presentes de 10 a 12 de abril, no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, em Manaus (AM). A feira disparou negócios estimados em R$ 400 milhões e reuniu sete mil visitantes.
A Navegistic Navalshore Amazônia é fruto da fusão da Navalshore Amazônia e da Navegistic Manaus, ambas realizadas em 2023, originando a NN Eventos Ltda. Em 2025, a feira passa a ser denominada NN Logística.
“A fusão das duas feiras criou uma expectativa muito grande dentro da região amazônica e a tendência é de crescimento. Tivemos muitas visitas de empresas e empresários se conhecendo, fazendo contatos e negócios. Tivemos visitas de estaleiros da região e todos estão satisfeitos. Colocamos em contato quem tem novas tecnologias para oferecer, novas tendências do mercado com quem tem interesse em investir. Este evento tem tudo para ser a sede da logística da Região Norte”, afirma Wilson David Semeghini, diretor da NN Eventos.
O resultado de bons negócios e a possibilidade de estabelecer parcerias para desenvolvimento de soluções foi um dos fatores que levou a Tuboaços da Amazônia a participar pela segunda vez do evento e já garantir a participação na feira, em maio de 2025. “O setor aqui envolvido está querendo que a coisa ande, evolua, acho que esse tipo de evento agrega esse valor para o mercado. A solução esta na colaboração”, afirma Sergiani Alcântara, diretora comercial da empresa.
Para 2025, a feira pretende agregar ainda a presença de representantes de órgãos estratégicos dos governos federal e estadual voltados a políticas públicas do setor naval. "Esta feira ratifica o que havíamos demonstrado no ano passado, com as edições pioneiras dos dois eventos que deram origem à NN. A região amazônica é pujante e imune às oscilações econômicas que afetam a indústria de transporte em outras partes do país. Neste ano a feira dobrou de tamanho em relação às anteriores e já sabemos que voltará a crescer em 2025", diz Rosângela Vieira, diretora da NN Eventos.
Três painéis temáticos abordaram temas de relevância para o setor de navegação, comércio e indústria, durante os três dias de evento: "Segurança na navegação fluvial na região Norte", "Navegação interior - estratégias para navegabilidade durante a seca" e "Indústria naval fluvial - cenário e perspectivas".
A Navegistic Navalshore Amazônia reuniu, de forma inédita na Amazônia, representantes de toda a cadeia que compõe a indústria fluvial: de fornecedores de produtos e serviços para construção e operação de embarcações, como fabricantes de motores e estaleiros, a empresas de navegação e terminais portuários fluviais.
Mercado aquecido
Fábio Vasconcellos, diretor do estaleiro Rio Maguari, em Belém (PA), ressaltou a peculiaridade do mercado de navegação fluvial do Norte. “Não depende exclusivamente da indústria de óleo e gás, não é refém da política da Petrobras”, disse. "O Norte tem potencial com estaleiros de médio porte que vêm respondendo à altura da necessidade apresentada com o crescimento das exportações via portos do Arco Norte, construindo com eficiência, competitividade e complexidade”, afirmou.
Ele avalia que a tendência é de crescimento, principalmente a partir da perspectiva de autorização das obras da Ferrogrão, via férrea que visa interligar o Porto de Mirituba 9PA) ao município de Sinop (MT). “Teremos um aumento da exportação pelo Arco Norte.”
Reflexo disso são as perspectivas da construção naval para a região Norte, apontadas pelo Sindicato da Indústria de Construção Naval do Estado do Pará (Sinconapa), durante a Navegistic Navalshore Amazônia. O potencial mínimo de 2023 a 2033 é de construção de duas mil barcaças, 80 empurradores de grande porte e 40 de médio porte, entre outros, consolidando a geração de três mil empregos diretos e 12 mil indiretos.
De acordo com o Vasconcellos, a previsão de investimento é de R$ 15 bilhões, com 80% desses recursos financiados via Fundo de Marinha Mercante e outos 10% via Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais (Finame), do BNDES. “Os estaleiros geram empregos de qualidade, o que ajuda a desenvolver a região. As universidades, por exemplo, têm papel fundamental na formação de engenheiros e técnicos para esse mercado”, afirmou Fábio Vasconcellos, que também preside o Sinconapa.
Estreia concorrida
Estreando na feira este ano, a Mcfil Amazonas - Tecnologia de Filtragens Ltda, surpreendeu-se com o interesse do público que movimentou o estande. “Sabemos que é um produto que chama a atenção porque não tem nada parecido na Região. Já estamos funcionando em empresas, mas estamos focados na expansão da Mcfil Internacional na região Norte e Nordeste”, afirma Rodrigo Rodrigues, empreendedor que aposta na tecnologia alemã de microfiltragem de combustível há três anos.
A partir de um conceito simples de plug and play, sem necessidade de alterações elétricas ou eletrônicas, o sistema de filtros é responsável pela filtragem de impurezas do combustível que em qualquer tipo de motor; de empresas de transportes, portos, navios, rebocadores, a máquinas de obra tipo escavadeira, motoniveladora, empresas de ônibus, por exemplo. “Ajuda a preservar a vida útil do motor. Depois desse investimento, não há gastos absurdos com manutenção. O retorno do investimento é recuperável em dois meses”, explica Rodrigues.