Apesar do atraso, o primeiro submarino convencional Riachuelo será lançado ao mar em dezembro deste ano. A novidade foi anunciada, ontem, pelo almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, em palestra sobre o Programa Nuclear da Marinha e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), realizada na sede da Sociedade de Engenharia, no centro do Rio de Janeiro. O almirante brasileiro comentou que o país está recuperando a sua capacidade de construção de submarinos:
“Nós saímos praticamento do zero, construímos um novo estaleiro, adequamos as nossas instalações e capacitamos o nosso pessoal. Um atraso de seis meses no lançamento de um submarino num programa dessa magnitude é considerado irrisório e bastante comum”, esclareceu o oficial. O submarino estava previsto para ser lançado em julho deste ano. O primeiro modelo S-BR baseado no projeto francês “Scorpene”, que será incorporado à frota, está sendo montado desde fevereiro, no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, desenvolvido com transferência de tecnologia francesa do Naval Group (ex-DCNS), companhia parceira da Marinha do Brasil.
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Atualmente, o país conta com cinco submarinos, sendo um da classe Tikuna, construído no Brasil e que ficou pronto em 2008, e quatro da classe Tupi, sendo o primeiro construído na Alemanha, entre 1987 e 1989, e os outros três, iguais ao alemão, montados no Brasil, mas sem transferência de tecnologia, nas décadas de 1990 e 2000.
Submarino nuclear
A partir de agora até 2023, segundo o almirante, a previsão é lançar um submarino “a cada um ano e meio”. Além dos quatro modelos da classe Riachuelo, o projeto do submarino nuclear segue em andamento, previsto para ser concluído e também lançado ao mar em 2028. A perspectiva com o programa é dar maior segurança à costa brasileira e também gerar impactos significativos na economia do país devido à vocação do Brasil em estabelecer relações comerciais via marítima, explica o almirante. “O Prosub tem a dupla função de fortalecer a base industrial brasileira com novas tecnologias, qualificar e capacitar nossos engenheiros, técnicos e cientistas e também fortalecer nosso poder de defesa naval com modernos submarinos convencionais e de propulsão nuclear, que serão utilizados de forma coordenada para patrulhar nossa Amazônia Azul”.
O interesse do Brasil em investir em submarinos nucleares vem gerando desconfiança de outros países. O almirante esclarece que o projeto do submarino nuclear brasileiro está sendo realizado com transparência e são “as únicas instalações militares nucleares que estão sob salvaguardas de agências internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica”. Ele completa afirmando que a desconfiança, na realidade, é por existir competição de quem domina a tecnologia e que não quer ter concorrente. Até 2030 estão previstos investimentos de R$ 30 bilhões no programa brasileiro.
Fonte: JB