SÃO PAULO - A Petrobras deve acabar com as importações de petróleo e  seus derivados até 2014, e para isso investe em refinarias. Segundo o  diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa, os  investimentos feitos até agora para a construção de novas refinarias no  Brasil aumentaram 100% na comparação com os do ano passado. De acordo  com os últimos números da estatal, até o terceiro trimestre deste ano  foram investidos globalmente pela estatal R$ 56,5 bilhões. Deste valor,  R$ 20,6 bilhões ficaram com a área comandada por Costa, que no ano  passado apresentou aportes de R$ 5,3 bilhões neste mesmo período.
 
 O executivo utilizou como argumento o aumento da demanda interna por  derivados do petróleo, que ficou, segundo o último balanço da empresa,  11% maior se comparado a dados do mesmo período de 2009, mesmo com a  queda de 2% na produção de petróleo, registrada até o fim do terceiro  trimestre.
 
 Até setembro, o consumo médio dos dois principais derivados de petróleo  no País - gasolina e diesel - apresentou alta de 13,8%. A demanda por  gasolina subiu 16% na comparação entre o terceiro trimestre de 2009 e  deste ano; a de diesel aumentou 11,7%. Segundo Costa, essa alta do  consumo de gasolina se deu por causa da elevação do preço do álcool, em  função da queda da safra de cana-de-açúcar. Já até outubro, o consumo da  gasolina cresceu 18%, o de querosene de aviação (QAV), 15%, e do óleo  diesel, 10%.
 
 Para atender a essa alta, estão no portfólio de projetos de refinarias  da Petrobras, além da Abreu e Lima em Pernambuco, do Complexo  Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e da atualização das refinarias  mais antigas, a pré-operação da unidade de fios de poliéster na  Petroquímica de Suape (PE) e as refinarias Premium I e II do Maranhão e  do Ceará, cujos contratos para projetos básicos foram assinados no  início de novembro com a UOP. Esses dois últimos projetos terão a  capacidade de refinar 300 mil barris de petróleo diariamente. Com isso,  segundo Costa, a previsão é de que em dez anos o Brasil dará um salto da  décima para a quinta posição entre os maiores consumidores mundiais de  petróleo, passando de 1,94 milhão de barris por dia para 2,79 milhões de  barris por dia.
 
 Segundo a Petrobras, com os investimentos na divisão de Abastecimento a  empresa aumentou sua capacidade de produção de GLP (gás de cozinha) em  21 mil barris de petróleo diários (bpd), 42 mil bpd de nafta e 23 mil  bpd de diesel. Esse crescimento foi proporcionado pela expansão da  Refinaria Henrique Lage (Revap) na cidade de São José dos Campos (SP).
 
 "As pessoas vêm dizer que o mundo não precisa de mais refinarias. O  mundo pode não precisar, mas o Brasil precisa", afirmou, em entrevista  coletiva. O principal argumento do diretor é que a capacidade de refino  no País está próxima do limite, em torno de 90%, "e não dá para operar  com esta capacidade 365 dias por ano, porque as refinarias precisam de  paradas programadas para fazer manutenção".
 
 De acordo com ele, a construção das refinarias previstas para o mercado  brasileiro deve resultar em exportação dos combustíveis, caso o Produto  Interno Bruto (PIB) cresça em média 3,4% ao ano. "Se o crescimento do  PIB ficar em torno de 5%, em média, ao ano, a capacidade das novas  refinarias estaria esgotada apenas com o mercado doméstico. Se, por  acaso, a elasticidade seguir o ano de 2010, vai faltar refino para  atender o mercado brasileiro e vamos ter de reavaliar todo o processo de  investimentos", disse o diretor da estatal.
 
 De acordo com os cálculos do executivo, caso as refinarias não fossem  construídas, em 2014 o Brasil teria de importar, por dia, 230 mil barris  de diesel, 150 mil de nafta, 16 mil de GLP, 47 mil de QAV e 104 mil  barris de coque. "Seria um crime de lesa-pátria exportar petróleo bruto,  não atender a demanda interna e ainda importar estes derivados",  afirmou.
 
 Demanda em alta
 
 Nos próximos anos, Costa destacou que a previsão é de um aumento ainda  maior do consumo. Entre os motivos estão efeitos extraordinários, como a  realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil em 2014 e 2016, e  a elasticidade da demanda que está se descolando do crescimento do  Produto Interno Bruto.
 
 "Tradicionalmente, para cada 5% de crescimento do PIB, a demanda crescia  2%, ou no máximo 2,5%, mas em 2010 isso se alterou: o PIB cresceu 7% e a  demanda aumentou 10% em média", disse, lembrando que a retração de 0,2%  em 2009 foi motivada pela crise econômica mundial.
 
 Para dar suporte às operações de produção, a Petrobras continua seus  investimentos em exploração. Segundo a previsão da companhia, o novo  volume de reservas provadas deverá ser divulgado em 15 de janeiro. Nessa  divulgação a empresa poderá elevar suas reservas atuais de 14 bilhões  de barris e passar de 25 bilhões, caso sejam incorporados os volumes da  cessão onerosa.
 
 A Petrobras deve acabar com as importações de petróleo e seus derivados até 2014, e para isso investe em novas refinarias.
Fonte: DCI/Maurício Godoi Agência Estado
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