O emblemático campo de Tupi, no pré-sal da bacia de Santos, entra em produção comercial definitiva em mais um evento com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio de Janeiro. Tupi produz hoje cerca de 14 mil barris de petróleo por dia em um poço conectado à plataforma chamada Cidade São Vicente. Esse volume vai dobrar para 28 mil barris por dia a partir de amanhã, com a entrada em produção da plataforma Cidade de Angra dos Reis, que será inaugurada hoje.
A produção se manterá em 28 mil barris até o início do próximo ano, quando dois poços estarão conectados à plataforma Angra dos Reis. A produção não pode aumentar antes que sejam concluídas as instalações para transporte e processamento de gás natural e gás dióxido de carbono (CO2) que sairá de Tupi até Mexilhão e de lá até Caraguatatuba (SP) e o gasoduto . Outro limitador da produção até o momento é o teto de 500 mil metros cúbicos de gás que podem ser queimados na atmosfera, estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O limite será contornado quando a Petrobras concluir três poços injetores (de água, gás e água, e de gás, água e CO2) onde será reinjetado o gás produzido em Tupi que não for usado.
A produção vai aumentar paulatinamente ao longo de 2011 para uma média de 50 mil barris, com pico de 70 mil a 75 mil barris diários de óleo em dezembro. Com os testes de longa duração (TLD) de Guará e Tupi Nordeste, já previstos, a produção no pré-sal da bacia de Santos poderá atingir até 105 mil barris diários no último mês de 2011. Pelo plano estratégico atual (2010-14) o pré-sal estará produzindo 241 mil barris em 2014, de um total de 3,9 milhões de barris produzidos pela companhia.
De acordo com o gerente de exploração e produção para o pré-sal da Petrobras, José Miranda Formigli, os TLDs seguirão o modelo adotado em Tupi. Apesar da instalação da Cidade de Angra dos Reis em Tupi, Formigli explicou que a expectativa da Petrobras é coletar o maior volume possível de dados para que a declaração de comercialidade de toda a área do BM-S-11 possa ser feita em 31 de dezembro. Para isso, a estatal está perfurando poços delimitadores nas partes oeste e sul de Tupi e próximo ao poço de Iracema.
"Os poços estão trabalhando dentro do sal e estão dentro do cronograma para obtenção dos dados até 31 de dezembro", frisou Formigli, que também não acredita que será possível contabilizar todas as reservas da área como "provadas". A estimativa é de 5 a 8 bilhões de barris mas eles serão incorporados gradualmente.
Questionado sobre a capacidade de produção dos poços do pré-sal na bacia de Santos, o gerente explicou que a estimativa de uma vazão entre 15 mil e 20 mil barris por dia é factível em Tupi, com possibilidade de crescer para até 50 mil em Guará, o que já foi obtido em um poço.
O executivo evitou ligar a instalação do piloto de Tupi, na bacia de Santos, com o calendário eleitoral. Ele observou que todo o trabalho da estatal foi feito para que o piloto fosse instalado próximo ao início de novembro, de forma a permitir a coleta do maior volume possível de dados antes da declaração de comercialidade.
"Poderia atrasar, ficar para semana que vem, para qualquer período que a nossa conjunção de situações determinasse. Mas em algum momento poderia ser provável que colocássemos em produção ontem ou anteontem", acrescentou, negando qualquer vinculação com as eleições de domingo", disse. Para o gerente de exploração e produção do Sul e Sudeste, José Antônio Figueiredo, o início do piloto só reflete a busca por melhores dados sobre os reservatórios na região.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas e Cláudia Schüffner | Do Rio
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